postado em 10/09/2009 07:28
Toda vez que é anunciada uma novela de Gloria Perez, chega a dar medo a mistura de temas que ela propõe. Culturas para nós exóticas se misturam a temas sociais, médicos, comportamentais; O pior é que, por mais indigesta que pareça a combinação, a autora acaba sabendo manusear esse material todo e prendendo a atenção do público. Foi assim com Caminho das Índias, que termina amanhã sem dar à cúpula da Globo motivos de queixa. Estreou com 39 pontos de média, segundo o Ibope, marca superior à da antecessora, A favorita (que conseguiu 34 pontos na estreia), e chegou à reta final com a audiência oscilando entre 45 e 50 pontos de média, com picos de 52 em momentos mais decisivos, como aconteceu na última quinta-feira.Não é difícil explicar o fenômeno. Para começar, qualquer um ficaria curioso para saber para onde, afinal, a autora levaria tantas histórias paralelas, tanta mistura de fantasia e realidade (ou arremedo dela). Caminho das Índias começou como se fosse duas novelas independentes, uma passada no Brasil e outra na Índia. Pouco a pouco, Gloria foi entrelaçando de tal forma as tramas e personagens que não há como duvidar que ela sabia muito bem, desde o início, para onde estava levando seu barco ; inclusive, cenas finais da novela foram gravadas na Índia na mesma viagem em que foram feitas as cenas iniciais.
A novela começou se sustentando em duas boas tramas principais: a que começa com o confronto dos irmãos Raul (Alexandre Borges) e Ramiro (Humberto Martins) ; e que esquenta com a entrada da psicopata Yvone (Letícia Sabatella) em cena ; e a do casamento de Maya (Juliana Paes) com Raj (Rodrigo Lombardi), grávida de Bahuan (Márcio Garcia). Em torno delas foram surgindo personagens carismáticos, como a biscateira Norminha (Dira Paes) e os amorais Ilana (Ana Beatriz Nogueira) e César (Antonio Calloni), que tiveram a sorte de cair nas mãos de um invejável time de atores coadjuvantes.
E assim, misturando técnicas de folhetim dignas de Gloria Magadan e temas superatuais, Gloria Perez mais uma vez conseguiu fazer com que uma trama virasse mania nacional, com direito a bordões dos personagens na boca do povo e comentários frequentes em tudo quanto é roda de conversa. Tudo isso a despeito de sobrarem em sua história incoerências, caricaturas, exageros e demasiada fantasia e de a autora nos dar a ideia de que o caminho do Brasil para Índia é tão curto quanto a ponte aérea Rio-São Paulo. Mas, afinal, para que serve novela senão para desafiar a realidade mesmo quando se propõe a retratá-la? Aliás, o que vai acontecer até amanhã, a Globo esconde a sete chaves. A emissora sequer divulgou a sinopse dos últimos capítulos. Mas, se forem certas as especulações publicadas em sites e jornais, Raj e Maya têm final feliz garantido (e que se danem as rígidas tradições indianas)