Diversão e Arte

Documentário sobre a Vogue mostra uma imagem mais humana de Anna Wintour

Agência France-Presse
postado em 08/09/2009 14:09
Nova York - A toda-poderosa editora da Vogue americana, Anna Wintour, foi mostrada no filme O Diabo veste Prada como uma editora voraz e cheia de caprichos, mas um documentário lançado recentemente revela um rosto mais humano da famosa - e temida - "imperatriz da moda". The September Issue, que acaba de estrear com aplausos nos Estados Unidos, muda a imagem da mulher sem piedade e quase desumana conhecida pelo mundo para a de uma "arbiter elegantiarum", especialista de bom gosto que dita a moda global. Famosa no mundo da moda, onde faz tremer os estilistas, Anna Wintour, que completa 60 anos em novembro, ampliou sua fama com a publicação de um best-seller escrito por uma de sus ex-assistentes, Lauren Weisberger. Mas foi Meryl Streep que melhor encarnou a personagem de Wintour como Miranda Priestly, a gélida editora da imaginária revista Runway que fez sucesso nos cinemas de todo o mundo. Passando da ficção para a realidade, a equipe de filmagem do documentário de R.J.Cutler seguiu durante meses a preparação da edição da Vogue "mais grossa da história", a de setembro de 2007, antes dos problemas da crise econômica e deserção de anunciantes. Um total de 840 páginas, das quais 727 são de publicidade: cifras eloquentes da hegemonia da indústria do luxo sobre as revistas de moda, uma realidade gerenciada pela legendária editora da Vogue, desde 1988. O documentário mostra Wintour em uma reunião com o dono da rede de lojas Nieman Marcus, que destaca que "ninguém usava mais peles até que Anna voltou a usá-las na Vogue" e pergunta quais os criadores que serão destacados pela Vogue para colocar em evidência seus modelos nos locais de venda. Esse vínculo com a indústria é um motor poderoso para Anna Wintour, que sempre pede que a roupa fotografada "possa ser usada". "É Anna que teve a idéia de colocar famosos na capa", uma ideia brilhante que faz vender revistas e roupas, mas que entristece os puristas, lembra Grace Coddington, diretora de criação da publicação. Coddington ocupa esse cargo há 20 anos, assim como Anna, e é encarregada de montar os editoriais de moda, que Anna Wintour vacila em cortar ou eliminar com um simples movimento de mão. "Sempre termina ganhando o ponto de vista de Anna", comenta o editor da Vogue Tom Florio. Enquanto O Diabo veste Prada se deleitava nos ódios, rancores e traições que comuns nesse meio, o documentário apresenta uma realidade diferente, menos cruel, com Wintour mostrando que pode sorrir com sinceridade, ser às vezes agradável e até tirar seus óculos escuros. "Tirou esta foto? Que locura", comenta Anna com Grace Coddington após uma inspeção das páginas preparadas na véspera. Diáfana com seus vestidos de corte preciso e ajustados, com maquiagem leve e jamais extravagante, Anna Wintour parece antes de tudo querer passar a imagem de uma profissional rigorosa. Anna lembra seu pai, Charles Wintour, jornalista respeitado na Grã-Bretanha nos anos 60 e 70. "Penso que meu pai deciciu por mim que seria jornalista na Vogue", diz, ao recordar sua adolescência em Londres nos anos 60. Sua filha, Khatherine "Bee" Shaffer, decidiu que não seguirá seus passos. "Respeito mamãe, mas para mim é uma indústria meio estranha. Há outras coisas no mundo, e prefiro estudar direito". Pelo jeito, "imperatriz da moda" Anna Wintour, pelo menos por enquanto, não possui uma sucessora.

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