Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

O coração da África bateu na Esplanada

O senegalês Youssou N'Dour acelerou mãos e pés de quem foi ao encerramento do Back2Black. O "novo" Cidade Negra também contagiou o público

Mbaalax, o tradicional ritmo senegalês, emoldurado por pitadas pop, ecoou forte no palco, reverberou pela Esplanada dos Ministérios e levou as três mil pessoas presentes à área externa do Museu da República a se soltarem e caírem na dança, cheias de entusiamo. O responsável por essa grande celebração da música negra foi o cantor e compositor senegalês Youssou N;Dour.

O astro africano foi a principal atração do show que, na noite de domingo, marcou o encerramento do Back2Black. O festival iniciado na sexta-feira relembrou e reafirmou a África como berço da civilização e sua cultura como influência presente nas manifestações políticas, sociais e artísticas em todos os continentes e países ; do Brasil aos Estados Unidos.

Acompanhado por uma banda formada por instrumentistas de alta qualidade ; tantos os de percussão, quanto os de cordas ; N;Dour fez um show vibrante, que desde os primeiros acordes contagiou a plateia heterogênea, embora houvesse predominância dos jovens. Às 23h30, quando a programação foi encerrada, as pessoas que permaneceram de pé durante quatro horas estavam exaustas, mas felizes com o que viram e ouviram dos artistas, que entraram no palco desde as 19h30.

O ponto alto, porém, foi protagonizado por N;Dour, que mostrou para o brasiliense músicas de sucesso do seu repertório, como Bamba, Baykat, Birima, Lima weesu, Boul baykou e C;est l;amour. A música mais conhecida no Brasil, Seven seconds (gravada em duo com Neneh Cherry), foi ouvida numa quase vinheta, frustrando os espectadores.

Em meio à apresentação, dublês de bailarinos e acrobatas com movimentos de impressionante beleza plástica encantaram a todos. O grande momento do espetáculo ocorreu quase ao final, na interpretação emocionada do cantor de New Africa. Ele aproveitou para fazer um apelo em prol da união dos povos africanos.

Antes de N;Dour entrar em cena, houve uma pequena participação do hondurenho Aurélio Martinez, que cantou Africa e Mayhuba. Houve, ainda, a participação do percussionista Babacar Faye, que soltou a voz no bis e incendiou a multidão. ;É um orgulho para nós assistir ao show de Youssou N;Dour na capital do Brasil, num festival em que a África e sua cultura são destacadas;, afirmou o diplomata do Senegal Papa Mactar.

[SAIBAMAIS]Quem abriu o evento foi o veterano Djalma Corrêa, que, no começo da década de 1960, acompanhou Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa no show Nós por exemplo, e voltou a tocar com eles, em 1976, no Doces bárbaros. Durante 20 minutos, o percussionista baiano extraiu sons e timbres ancestrais de atabaque, agogô e tambores.

Um outro destaque na programação, a banda carioca Cidade Negra se apresentou em público pela primeira vez com sua nova formação, sem o vocalista Tony Garrido e o guitarrista Da Gama. O bachista Bino e o baterista Llazão têm, agora, como companheiro no vocal, o mineiro Alexandre Marçal (ex-Berimbrown). O Cidade aproveitou para mostrar músicas que farão parte do novo álbum, a ser lançado em novembro, entre elas, Porta da favela, um provável hit.

Mas no roteiro prevaleceram antigos sucessos como Onde você mora, Girassol, Pensamento e O erê. ;O Alexandre substituiu bem o Tony Garrido. Ele canta bem, tem boa performance em cena e se comunica bem com o público. Acredito que ele vá cumprir um bom papel como vocalista do Cidade Negra;, elogiou a funcionária da ONU Fernanda Lopes.