Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cirque du Soleil chega com sua trupe a Brasília em 18 de setembro com Quidam

Uma pequena vila com quase 200 pessoas pulsa toda vez que uma das maiores companhias de circo do mundo desembarca numa cidade. Há 25 anos na estrada, o grupo canadense Cirque du Soleil já acostumou a mudar a rotina de muitos lugares por onde passa. Não será diferente quando a trupe chegar a Brasília em 18 de setembro, trazendo na bagagem o espetáculo Quidam. A última vez que o coletivo andou pelo Brasil foi em 2008, com a montagem de Alegría, antes da primeira vinda, em 2006, com Saltimbancos. Nessa nova temporada pelo país, nove cidades brasileiras recebem a companhia, na maior turnê já realizada na América Latina. Pelo menos 800 mil pessoas devem assistir às novas apresentações, só no Brasil.

A estreia brasileira ocorreu em 11 de junho, em Fortaleza. A parada seguinte da trupe foi em Olinda (PE), em 9 de julho. Agora é a vez de os baianos conferirem a passagem do grupo que reinventou a arte circense no mundo. Na última terça-feira, o Correio foi convidado a participar, na capital baiana, de um tour pelos bastidores do espetáculo Quidam. Os números impressionam.

Como acontece em toda cidade onde a companhia desembarca, cerca de 350 pessoas locais foram movimentadas para dar vida à pequena vila circense levantada numa área de 20 mil metros quadrados. Só para montar as sete tendas do circo e outras estruturas como escritórios, as duas cozinhas que atendem diariamente a quase 500 pessoas e a escola dedicadas aos filhos dos artistas, 200 pessoas foram contratadas. ;Quando chegamos aqui há três semanas, não tinha nada. Montamos toda essa estrutura em sete dias;, conta a canadense Marie Josée, relações públicas do grupo. ;Como já estão treinadas, essas 200 pessoas voltam para desmontar o circo;, explica.

Em Salvador, o Cirque du Soleil foi erguido no Parque de Exposição Agropecuária. Em Brasília, será montado no estacionamento do Mané Garrincha. Outras 150 pessoas são contratadas durante a passagem do circo por uma cidade para prestação de serviços internos como vendedor ambulantes dos produtos da companhia, cozinheiro, orientador de arquibancadas, auxiliar de limpeza, segurança.

Crianças na escola A rotina na cidade do Soleil começa cedo, às 7h, e não tem hora para acabar. A língua oficial dessa minúscula babel que comporta 23 nacionalidades é o inglês. Ao longo do dia, o fluxo de carros e caminhões trazendo alimentos e equipamentos técnicos e de reparos é grande. Uma cozinha nacional, que atende os funcionários tercerizados, e outra internacional, dedicada às 160 pessoas que integram o circo, entre artistas, parentes e funcionários administrativos, oferecem, em média, quase 500 alimentações diárias. Missão que fica a cargo do neozelandês Ian Braund e sua equipe de 16 funcionários. ;Trabalhamos com um cardápio internacional;, destaca ele.

Na escola do Cirque du Soleil, duas professoras são responsáveis pela educação de sete crianças entre 7 e 16 anos. Duas delas são integrantes do espetáculo Quidam. O restante são filhos de artistas. Primeira pessoa da história da trupe a ter nascido no meio de uma turnê, a russa Poliana Zaitzeva, 12 anos, é uma das alunas. Aplicada e disciplinada, ela conta que se sente meio diferente com relação aos amigos que nasceram fora do circo. ;É engraçado porque me sinto como se não tivesse a mesma vida que as outras pessoas;, observa.

Cantora e uma das protagonistas de Quidam, na pele da personagem Zoé, a canadense Ella Bangs, 11 anos, admite sentir o peso de estar à frente de um espetáculo tão grandioso. ;É um pouco assustador;, resume.

Segundo maior espaço do Cirque du Soleil, a tenda dos artistas é o centro nervoso da companhia. É ali que passam a maior parte do dia os 51 protagonistas responsáveis por dar vida ao espetáculo que há 13 anos percorre o planeta. Mistura de alojamento com área de treinamento, o espaço também é lugar de descanso e de concentração.

Ali é reduto quase que permanente da goiana Gracilene de Moura Mevius, 35 anos, há quatro anos na companhia. Com quatro colegas, ela executa o audacioso quadro com as cordas voadores (spanish webs). ;Comecei minha carreira como ginasta olímpica e depois consegui uma vaga no circo do Marcos Frota, onde passei oitos anos. Acho que essa experiência carimbou meu passaporte para o Cirque du Soleil;, avalia. Casada com o alemão Tony Mevius, também companheiro de equipe no spanish web, ela não esconde saudades de casa, mas se sente realizada onde está. ;Nunca imaginei que um dia fosse fazer parte de uma grande companhia como o Cirque ;, diz. ;Aqui me encontrei."

QUIDAM Exibições de 18 de setembro a 4 de outubro, no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Capacidade da tenda: 2.600 lugares. Duração: 150 min incluindo intervalo de meia hora. Quinta e sexta, às 21h, sábado, às 17h e 21h, e domingo, às 16h e 20h. Ponto de venda: Fnac (Parkshopping), de segunda a sábado, das 10h às 20h, e domingos e feriados, das 12h às 20h. Preços: premium tapete vermelho (área vip e open bar) a R$ 680 e R$ 435 (meia); premium a R$ 490 e R$ 245 (meia); setor 1 a R$ 420 e R$ 210 (meia); setor 2 a R$ 350 e R$ 175 (meia) e setor 3 a R$ 230 e R$ 115 (meia). Central de vendas: 4004-3100. Não recomendado para menores de 13 anos. Menores de 13 anos acompanhados dos pais ou responsáveis.

Veja trechos do espetáculo O repórter viajou a convite da Time For Fun