Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Projeto reúne os violonistas Ulisses Rocha, Marcus Tardelli, Yamandu Costa e Alessandro Penezzi

Aos 8 anos, o carioca Ulisses Rocha ganhou de presente da mãe um violão. Paixão à primeira vista, logo viu que teria problema em casa. ;Não demorou muito para eu perceber que queria viver da música e não ser médico, como a família queria. Aos 17 anos, já estava na noite;, lembra o artista, que abre às 20h, no Teatro da Caixa, o projeto Violão Brasileiro Hoje. Até domingo, passam pelo palco Marcus Tardelli, Alessandro Penezzi e Yamandu Costa, atualmente um dos mais celebrados violonistas do país. A proposta do evento, segundo o diretor musical Gustavo Laranja, é enfatizar a importância do instrumento, que sempre esteve ligado intrinsecamente à história da música popular.

;O violão brasileiro é uma das maiores escolas do mundo, só fica atrás do violão flamenco. É uma pena que tenhamos poucos encontros como esse, porque o brasileiro precisa conhecer mais o poder e o potencial de seus violonistas;, destaca Ulisses Rocha, que driblou a resistência dos familiares e não parou mais de tocar. Hoje, é uma das referências do instrumento no Brasil.

Conhecido pela versatilidade com que dosa gêneros como jazz e rock, Ulisses Rocha trabalhará um repertório pontuado pela brasilidade. ;Transito por todos os estilos, meu vocabulário musical é bastante extenso;, explica ele, que também apresentará músicas inéditas no Teatro da Caixa. ;São composições de meu novo trabalho, que deve sair até o fim do ano, mas também trago novas leituras para músicas como Ponteio (de Edu Lobo(1) e Capinam(2)) e Lenda do Abaeté (Baden Powell(3)). Costumo montar meu repertório na hora, vai depender da vibração do público;, avisa.

A ;muleta;
Atração de sábado, o gaúcho Yamandu Costa destaca a importância do violão popular na MPB. ;O instrumento é a cara deste país. Toda grande canção brasileira nasceu com essa ;muleta; debaixo do braço;, afirma. ;Estou feliz de participar desse encontro, que conta com grandes feras do violão. Vou malhar bastante para fazer uma apresentação bacana;, brinca.

Yamandu, que prepara um disco para o fim do ano em parceria com o amigo Hamilton de Holanda, presenteará o público com canções compostas durante suas turnês mundo afora. ;Será uma apresentação marcada pelo meu lado autoral;, adianta. ;No momento, trabalho numa série de projetos. É tanta coisa que às vezes me atrapalho. O mais especial, talvez, seja esse encontro com Hamilton, por quem tenho grande amizade. Nos conhecemos desde 1997;, lembra o violonista, que viaja entre outubro e novembro para França, Índia e Israel.

Amanhã, também às 20h, quem se apresenta no Teatro da Caixa é Marcus Tardelli, considerado uma das revelações do violão brasileiro. No domingo, às 19h, é a vez do paulista Alessandro Penezzi mostrar aos brasilienses seu talento como compositor e arranjador. O projeto ainda oferece workshops gratuitos com os quatro artistas, à tarde. Apenas 25 pessoas podem participar da aula de cada um dos violonistas.


1- Edu Lobo
O cantor, compositor, arranjador e instrumentista começou na música tocando acordeão, mas foi o violão que despertou sua paixão pela arte. Filho do compositor Fernando Lobo, iniciou a carreira nos anos 1960, participando de festivais.

2- Capinam
O poeta baiano José Carlos Capinam é autor de clássicos como Gotham City, escrito em parceria com Jards Macalé, e Soy loco por ti America, hino político composto com o conterrâneo Gilberto Gil.

3- Baden Powell
Considerado um dos maiores violonistas brasileiros de todos os tempos, o fluminense Baden Powell de Aquino era dono de um estilo de tocar inconfundível, no qual técnicas clássicas se fundiam com suingue e harmonias populares.


VIOLÃO BRASILEIRO HOJE
Shows de hoje a sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Teatro da Caixa (SBS Q. 4, Lt. 3/4, anexo do edifício matriz da Caixa Econômica Federal). Hoje, Ulisses Rocha; amanhã, Marcus Tardelli; sábado, Yamandu Costa; e domingo, Alessandro Penezzi. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). Inscrições para o workshop pelo telefone 3206-9450. Classificação indicativa livre.