A disputa não termina aí: na seletiva, um time de jurados elegerá os quatro campeões da rodada, que se apresentam no Porão, previsto para os dias 18, 19 e 20 de setembro. Mas, para os que chegaram até aqui, vale o clichê: já é uma conquista. Este ano, a organização do evento recebeu 420 inscrições. Um total de 105 candidatos por vaga. ;Tocar no Porão é um sonho nosso e de várias bandas da cidade. Mas nunca tivemos a oportunidade. Dava até raiva;, brinca Éder Freire, vocalista do Gonorants. É bem possível cravar, aliás, que o Porão foi decisivo para a criação da banda: foi entre um show e outro que Éder conheceu a baixista Vanessa.
Para o trio, a persistência pode valer uma bela recompensa: negociações entre a organização do evento e o Governo do Distrito Federal podem render uma edição especial do Porão, na Esplanada dos Ministérios e com entrada franca. ;Tudo depende do governo. O Porão é o maior festival de rock independente do Brasil. Queremos participar das comemorações dos 50 anos de Brasília;, observa Clausen Bonifácio, presidente da ONG Porão do Rock. Mas essa etapa ainda está indefinida. Por enquanto, está acertada a seletiva deste fim de semana, com participações especiais de Autoramas e Raimundos (amanhã), Ratos de Porão e Krisiun (domingo).
Vitrine
Para as crias da cidade, a oportunidade é agarrada com ânimo. ;Ficamos felizes. É legal pela vitrine. Muita gente acaba conhecendo a banda e isso abre portas. Para nós, sucesso é poder tocar cada vez mais;, diz Michel Aleixo, da banda River Phoenix. A duração curta dos shows dos concorrentes ; no máximo, 15 minutos ; obriga a definição de estratégias de ataque. ;Temos que escolher três músicas para provocar impacto nas pessoas que nunca viram a banda. A ideia é empolgar o público, fazer com que ele pense: esta banda é legal;, afirma André Morale, vocalista do High High Suicides.
Na seleção do Porão, o quarteto de stoner rock passou de primeira. ;Quando o site do Porão abriu as inscrições, pensamos: não custa nada, né;, lembra André. ;Foi meio que uma surpresa. O nosso material gravado é um pouco antigo, estamos no processo de pré-produção de um compacto. Talvez a curadoria tenha notado os nossos shows;, arrisca.
De fato, são vários os critérios da seleção. Os sete conselheiros da ONG valorizam bandas que estão sempre na ativa, movimentando a cena. ;Recebemos muitas críticas de bandas que não entram no Porão, mas este não é um festival público. Não temos que soltar um edital de seleção. Ainda assim, é enorme a quantidade de bandas que se apresentaram no festival. Tentamos fazer tudo da forma mais democrática possível. Não é uma panelinha. Se for, é panelão;, observa Clausen.
SELETIVA PORÃO DO ROCK
Amanhã e domingo, na Torre de TV (Eixo Monumental). Amanhã, às 19h. Domingo, às 18h. Show com 16 bandas do DF que concorrem a quatro vagas no Festival Porão do Rock. Participações especiais de Autoramas e Raimundos (amanhã), e Ratos de Porão e Krisiun (domingo). Entrada franca. Classificação indicativa livre. Informações no site www.poraodorock.com.br
; Três perguntas - Clausem Bonifácio
Existe a possibilidade de um Porão com entrada franca este ano?
No Porão do ano passado, a estrutura do palco Pílulas foi criticada. Os shows eram prejudicados pelo som das bandas principais. O Pílulas muda este ano?
Ele permanece. O Pílulas era uma novidade em 2008. Era um terceiro palco. Esse problema do som teve muito a ver com a estrutura do festival. Era o que o dinheiro permitia. Não podemos deixar de privilegiar o rock de Brasília. O palco Pílulas surgiu da necessidade de mostrar as bandas da cidade. Apesar do problema, quem estava próximo ao palco conseguiu assistir ao show.
Quais são os critérios de escolha das bandas locais que participam da seletiva do Porão?
Os critérios são diferentes a cada ano. Mas, essencialmente, nós acompanhamos as bandas que estão ativas na cena, a qualidade das músicas, os shows. Na ONG Porão do Rock, somos sete conselheiros. Cada um traz uma sugestão, monta uma lista. Fazemos audições e cada um dá a sua nota. Tentamos fazer com que o processo seja o mais democrático possível ; daí a seletiva. O mais importante é que a banda esteja em atividade, que tenha alguma chance de permanecer. Queremos que, depois do Porão, as nossas apostas continuem.
; Leia mais sobre as 16 bandas selecionadas
SÁBADO
SOATÁ A fusão sonora de rock com ritmos brasileiros dá o tom deste quinteto liderado pela cantora Ellen Oléria. Chame do que preferir: rockarimbó, carimbeat, funkarimbó; Na web: www.myspace.com/soatatambor.
RIVER PHOENIX
O trio se inspira no ator norte-americano, morto aos 23 anos de idade, para destilar fúria metaleira (com um quê punk). Stooges e Black Sabbath estão entre as referências da banda, em atividade desde 1998. Na web: www.myspace.com/riverphoenixrock.
CASSINO SUPERNOVA
O quinteto combina referências de rock clássico ; como Kinks e Elvis Presley ; com ares modernos. Na web: www.myspace.com/cassinosupernova.
NA LATA
Com visual high-tech e pitadas de eletrônica, o quinteto mistura trance, house e rock. Na lista de influências, bandas como Linkin Park, Limp Bizkit e Raimundos. Na web: www.myspace.com/bandanalata.
MISTY MOUNTAIN
Uma garrafa de Jack Daniels ilustra o MySpace deste quarteto dedicado fielmente ao hard rock setentista. Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath são algumas das influências. Na web: www.myspace.com/mistymountainband.
HIGH HIGH SUICIDES
Stoner rock sem vergonha: o quarteto formado por André Morale (vocal), André Kalil (bateria), Pedro Brandl (baixo) e Gustavo Bill (guitarra) aposta no poder de um riff sujo. Na web: www.myspace.com/highhighsuicides.
MOSTARJA
De gravata e óculos escuros, o quinteto não dispensa boas doses de bom humor. A banda toca "rock ;n; roll básico com pegada". Entre as músicas, Pizza e progresso e Vomitando Billy. Na web: www.myspace.com/mostarja.
TERNO ELÉTRICO
O rock dos anos 1970 corre solto no som deste sexteto que tem um quê de Rolling Stones e outro de Raul Seixas. Na web: www.myspace.com/ternoeletrico.
DOMINGO
GONORANTS
Numa noite dedicada ao peso, este trio destoa por fazer barulho com bom humor, na trilha de Raimundos, Ultraje a Rigor e Mamonas Assassinas. Na web: www.myspace.com/gonorants.
BLAZING DOG
O quinteto, formado em 2004 pelo vocalista Carlos Sousa, não nega a tradição: até no visual, presta reverências ao metal dos mestres do gênero. Ao caldo pesado, adicionam elementos contemporâneos. Na web: www.myspace.com/blazingdog.
HELLENA
O quinteto Hellena, formado em 2005, começou a carreira inspirado em clássicos como Iron Maiden e Metallica. O metalcore é somado a refrãos melodiosos. Na web: www.myspace.com/hellenamosh.
RANKA
Influenciado por "todo e qualquer bom rock", o quarteto é versátil: tem canções dedilhadas ao violão e outras com guitarras que remetem ao hard rock e ao metal dos anos 1970. Na web: www.myspace.com/rankamusic.
BOOTLEGS
O sexteto de metal e hardcore briga por uma vaga para a noite mais pesada do Porão do Rock. Destaque para o vocal endiabrado de Diego Vedita. Na web: www.myspace.com/bootlegstribe.
DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO
O nome da banda diz tudo: o hardcore deste quinteto é puro desespero, com versos em português e guitarras poderosas. Na web: www.myspace.com/hardcoreesquecido.
RHEVANGE
Metal, thrash e rock são os estilos que aquecem o som deste quarteto, que canta versos em inglês na tradição de Iron Maiden e Blind Guardian. Na web: www.myspace.com/rhevange.
KANELA SEKA
Presença forte na cena hardcore, o quarteto do vocalista Kleber "Sekão" alia a grossura do som com versos que denunciam os podres da sociedade. Na web: www.myspace.com/kanelaseka.