Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Fernanda Takai lança CD e DVD ao vivo, baseado no álbum dedicado a Nara Leão

À frente do cenário de bolas brancas, os músicos já estão posicionados quando Fernanda Takai aparece no palco, feito mocinha de filme antigo, cantando Ta-hi, o velho sucesso de Carmen Miranda ("Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim"). Tudo segue em preto e branco nas três músicas seguintes, Luz negra, Diz que fui por aí e Lindoneia, até que a cor vem, suave, em Com açúcar, com afeto, ganha tons fortes em There must be an angel, e some na sequência, em Insensatez. É nesse jogo de cores e sombras (influência de filmes como O homem-elefante e Sin City) que a cantora passeia pelo repertório de Nara Leão e pela memória afetiva no DVD Luz negra, já nas lojas. Produção caprichada, de visual impecável, o DVD ao vivo - também lançado em CD, com seis faixas a menos - foi gravado em maio, no Teatro Municipal Manoel Franzen de Lima, em Nova Lima (MG). No repertório, as 13 faixas de Onde brilhem os olhos seus (álbum que ela lançou em 2007, só com músicas já gravadas por Nara Leão) se entrelaçam com outras que Fernanda sempre gostou de ouvir e cantar. Entre elas, Ordinary world (Duran Duran), Ben (lançada por Michael Jackson em 1972) e Sinhá Pureza (de Pinduca, conhecida na versão de Eliana Pittman). Uma pode parecer não ter nada a ver com a outra, mas na voz de Fernanda Takai, e com os arranjos de John Ulhoa e Lulu Camargo, têm sim, e se emendam com naturalidade. No palco, aqui e ali Fernanda faz graça para estabelecer conexões, por exemplo, entre as músicas que vêm antes e depois da do Eurythmics. Nem é difícil, basta fazer o público cantar junto There must be an angel: "Nana-nana-nana-nana/Na-ra-Na-ra" (dã). O elo entre Estrada do sol e Ordinary world? Ora, a primeira é um clássico de Tom Jobim e Dolores Duran. A segunda, um sucesso da banda... Duran Duran. "Nenhuma desculpa melhor do que essa, né? ", ela ri, antes de contar que era fã do grupo de Simon Le Bon nos 1980 e, recentemente, perdeu a chance de vê-los no Brasil porque também estava trabalhando naquela noite. "Essa música, então, é uma homenagem não apenas ao Duran Duran, mas a mim, pelo meu profissionalismo", brinca. Em outro bom momento do roteiro, ela canta Kobune, versão em japonês de O barquinho (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), que havia entrado apenas na edição nipônica do CD Onde brilhem os olhos seus. O videoclipe de Kobune também está nos extras do DVD, assim como o making of do show, que mostra inclusive a passagem da cantora por Tóquio, onde apresentou o repertório de Nara (um ano antes, ela tinha feito pocket shows no Japão com John, mas interpretando Pato Fu). Também nos bônus está O ritmo da chuva, a velha canção de Demetrius (versão de Rhythm of the rain, de John C.Gummoe), bonitinha que só na voz de Fernanda Takai. Taí alguém que faz tudo para você gostar dela. Com tanto capricho, tem jeito de não gostar? Veja o vídeo de Kobune