postado em 28/07/2009 08:10
Maria Gadú. Não guarde esse nome. Espalhe. Sim, é mais uma cantora de MPB, mas ela não se parece com nenhuma outra. O jeito tímido e a pinta de moleque, vá lá, lembram Cássia Eller. E só. Cabelos curtos, descoloridos, topete, essa paulistana de 22 anos ; que passou a infância escutando música clássica, a adolescência ouvindo Adoniran Barbosa e hoje gosta de interpretar Chico Buarque, Jacques Brel e Kelly Key ; é uma das cantoras mais interessantes que apareceram na música brasileira nos últimos anos. Carismática, instintiva, despretensiosa e cheia de estilo.
Dona de voz levemente rouca, suave, Maria Gadú está lançando o primeiro disco pelo selo Slap, da Som Livre. Na próxima sexta-feira, ela aparece na TV Globo, como uma das atrações do Som Brasil (1)dedicado aos Paralamas do Sucesso. É o início oficial da carreira da garota que desde os 6 anos (quando descobriu o piano) não consegue fazer outra coisa senão música.
Ela escreveu a primeira composição aos 10 e começou a tocar na noite de São Paulo aos 14. Aos 20, se mandou com o violão e o amigo percussionista Doga para a Europa, onde participou de festival, passou um tempo cantando na rua, achando tudo muito divertido. Na volta, foi morar no Rio de Janeiro, caiu nas graças do diretor Jayme Monjardim e recebeu convite para uma participação na minissérie Maysa.
A aparição na televisão, tão anunciada para janeiro, acabou sendo pequena demais. Àquela altura, no entanto, já havia o burburinho em torno dela. Maria Gadú já era a grande aposta do Slap para 2009, tinha reunido ótimos músicos no estúdio (entre eles, os baixistas Dadi e Arthur Maia, o percussionista Marcelo Costa e o baterista Stephane San Juan) e ganhado temporada no Cinemath;que, casa noturna em Botafogo. Caetano Veloso foi assistir ao show dela, Milton Nascimento também. João Donato gostou tanto que lhe deu uma letra para musicar.
Inspiração
Maria Gadú compõe por instinto. Diz que as ideias vêm assim, ;de repente, do nada;, música e letra. ;Rodrigo Vidal apareceu para coordenar um pouco a minha bagunça mental;, conta, referindo-se ao produtor do álbum, que tem 13 faixas, oito assinadas por ela. ;Ele trouxe músicas de que eu gostava e nem sabia. E quis que eu gravasse umas minhas que eu odiava. Hoje, são as de que mais gosto no disco;, ela ri.
Entre as que ;odiava;, estava Shimbalaiê (já nas rádios), a primeira composição, feita quando ela tinha 10 anos. A mãe adorava, vivia pedindo para que gravasse. A filha tinha horror à ideia. ;Quando Vidal disse ;vamos gravar;, eu gritei não, pelo amor de deus. Mas a música foi se transformando e hoje eu falo: ;Olha, que bonitinha;;, comenta Maria, que também tirou de seu baú um bom samba (Altar particular, agora com o violino de Nicolas Krassic), uma canção singela que fez para duas garotas gêmeas (Bela flor) e uma dedicada à avó, cantora lírica (Dona Cila). ;As coisas foram acontecendo, tipo uma casa de lego. Foi bonito.;
Para as peças que faltavam, de outros autores, Maria pinçou uma dos amigos Gugu Peixoto e Luiz Kiari, Linda rosa, e outra do filho de Dadi, André Carvalho, Tudo diferente. Conhecidas, mesmo, só três canções: A história de Lily Braun, de Chico Buarque e Edu Lobo; Ne me quitte pas, de Jacques Brel; e Baba, de Kelly Key e Andinho. Sim, a moça de canto suave e jeito de menino, que se apresenta sentada em posição de lótus num banquinho, encerra o disco com ;baba, baby; ao violão. Tem personalidade de sobra para isso.
; 1 - PARE E REPARE
Maria Gadú canta três músicas dos Paralamas do Sucesso no Som Brasil que a Globo exibe na sexta-feira: Loirinha bombril, Lanterna dos afogados e Caleidoscópio. O programa também traz uma boa cantora que começou a carreira como crooner de banda de baile em Brasília, Greice Ive (preste atenção nela), e o coletivo Digitaldubs (de BNegão, Ras Bernardo e Jeru Bantu).
; Assista ao vídeo de Bela flor, com Maria Gadú