A música tem a essência feminina. Não só na delicadeza da sua sonoridade ou no fervor da emoção, mas sobretudo na etimologia. Sua origem remete ao grego ;a arte das musas;. Musas como Luciana, Walesca, Zoraima e tantas outras. Mulheres que se destacaram nesse meio por um diferencial: tocam instrumentos estereotipados como masculinos.
; O raro sax de Daniela Spielmann
Irlam Rocha Lima
No Altas horas, Daniela e suas companheiras de grupo tocam para animar a plateia em rápidos sets na abertura e no encerramento dos quadros. ;O trabalho no programa é importante por nos dar visibilidade e pela possibilidade que cada um de nós da banda tem de criar arranjos para os temas, basicamente de pop rock, que tocamos;, afirma.
Presença constante nos projetos do Clube do Choro (;Já estive aí sete vezes!”), a saxofonista está de volta nesta semana. De hoje a sexta-feira, às 21h45, acompanhada pelo pianista e tecladista mineiro-brasiliense Renato Vasconcellos, ela faz show pelo projeto Dorival para Sempre Caymmi. ;É sempre uma felicidade quando recebo convite do Reco do Bandolim (presidente da entidade), porque sei que vou tocar num lugar que tem compromisso com a música instrumental de qualidade, e para plateia especial, bem informada, atenta e respeitosa;, derrama-se.
Daniela considera uma honra estar no projeto que homenageia Dorival Caymmi. ;Em rodas de samba ou em gafieiras onde toco no Rio, sempre surge a oportunidade de passear pela obra do mestre. E é sempre prazeroso interpretar Doralice, Vatapá e O que é que a baiana tem?, por exemplo;, conta. ;Ouço Caymmi desde criança e é um dos compositores da MPB que mais admiro.;
As três músicas citadas pela instrumentista estarão no roteiro do show que fará no Clube do Choro. A elas se junta Morena do mar, sugerida por João Lyra, violonista que costuma acompanhar Nana Caymmi. ;Aceitei a sugestão ha hora, pois trata-se de uma das mais belas canções de Caymmi;, comenta, entusiasmada.
No show, Daniela também vai mostrar temas autorais. ;Quase todos são dedicados a pessoas de que gosto muito, que gravei em discos com a pianista Sheila Zaguri, o pianista e saxofonista Mário Séve e o Rabo de Lagartixa,(1), grupo de choro do qual faço parte há mais de 10 anos;. No repertório não faltarão choros clássicos como Um a zero (Pixinguinha), Assanhados e Noites cariocas (Jacob do Bandolim), além de Um tom para Jobim, de Sivuca. ;Tudo vai ser bem amarrado depois do ensaio que farei com o Renato, músico talentoso e criativo que vai acrescentar muito ao show;, elogia.
DANIELA SPIELMANN E RENATO VASCONCELLOS
De hoje a sexta-feira, às 21h45, no Clube do Choro (Eixo Monumental, ao lado do Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Informações: 3224-0599. Não recomendado para menores de 14 anos.
1 - RABO DE LAGARTIXA
Formado nos anos 1990 por jovens instrumentistas, o Rabo de Lagartixa estreou em disco em 1998, incluindo composições de autores consagrados, como Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim. Atualmente, o grupo está no estúdio da gravadora Biscoito Fino, no Rio, preparando um CD totalmente dedicado à obra de Heitor Villa-Lobos. As gravações foram interrompidas nesta semana por causa dos shows da saxofonista no Clube do Choro.