Mika Lins já tinha lido os grandes romances de Dostoievski, Crime e Castigo e Irmãos Karamazov, quando em 2001 caiu nas suas mãos Memórias do Subsolo, novela desse autor russo importante por trazer em potencial as mesmas contradições e conflitos interiores de personagens de seus grandes romances da maturidade. Oito anos depois da primeira leitura, a peça estreia hoje no 3; andar do Sesc Consolação, em São Paulo, para curta temporada
A peça ganha uma ambientação cenográfica despojada, que pode ser descrita como uma diagonal feita de luz, com público em ambos os lados. ;É como se fosse uma fresta de porta aberta para deixar ver um pouco de um homem angustiado.; Mika é esse homem, um funcionário público capaz de olhar para dentro de si mesmo e enxergar a sua ignomínia. ;A novela tem duas partes. Na primeira ele fala de suas ideias, sua visão de mundo. Na segunda, ele conta sobre seu relacionamento com uma prostituta, os colegas de repartição.;
O texto que o público irá ouvir é uma adaptação - cortes e não acréscimos - assinada por Mika Lins e Ana Saggese a partir da tradução de Boris Schnaiderman para a editora 34. ;Pedimos autorização, e ele foi muito gentil.; Cassio Brasil faz sua primeira direção nessa montagem. ;Foi criação conjunta de um trio que pensa muito plasticamente. Eu estou muito feliz por ter conseguido finalmente;, afirma Mika.