O setor agrícola representa 48% das exportações totais do país, que hoje tem 7% de participação no mercado mundial. Mas ainda há espaço para crescer. O grande desafio do governo na área agrícola é elevar esse índice para 10%, e, para isso, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, acredita que devemos aumentar a importação. "O comércio é uma via de mão dupla. O contêiner que leva tem que trazer mercadoria."
No seminário ;A Força do Agronegócio e o Distrito Federal;, realizado pelo Correio, Maggi apresentou o atual panorama do setor e o caminho que o país deve seguir. Na visão do ministro, o Brasil deve focar no mercado asiático, que concentra 51% da população mundial, 19% do PIB, 18% da terra disponível e 23% da água renovável. Além disso, lá são consumidos 28% das aves, 20% dos bovinos, 31% dos lácteos e 37% do açúcar produzidos no mundo.
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de alimentos e grande exportador de açúcar, café, suco de laranja, soja em grãos, farelo e óleo, milho, carne bovina e carne de frango. ;Também somos um país que respeita as questões ambientais e tem a agricultura e a pecuária mais sustentáveis;, afirmou Maggi.
No Brasil, 61% do território são de vegetação nativa, enquanto 38,7% pertencem a propriedades rurais. A área de vegetação nativa preservada dentro das fazendas chega a 11%, o equivalente à área da França e da Noruega somadas. Apenas 8% do território são usados para a agricultura e 19,7%, para a pecuária.
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Lavoura, pecuária e floresta
Diferentemente de hoje, na década de 1970, o Brasil era um grande importador de alimentos. Na época, a produtividade era de 1,4 tonelada por hectare cultivado. Hoje, atinge 4,5 toneladas ; mais de 220% de crescimento. Com o aumento de produtividade nesse período, mais de 150 milhões de hectares foram poupados do desmatamento.
Para o ministro, a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e as inúmeras pesquisas afim de adaptar a agricultura às terras tropicais são responsáveis pelos recordes das safras atuais. ;Produzir nos trópicos é muito diferente de produzir no clima temperado. A pressão das pragas, as plantas daninhas, as doenças fúngicas, tudo isso é muito mais acelerado nos trópicos;, explicou.
O aumento da produtividade não vem acontecendo somente na agricultura. A pecuária segue o mesmo caminho. Na década de 1990, o setor ocupava cerca de 140 milhões de hectares e hoje ocupa cerca de 170 milhões de hectares. Entretanto, naquela época eram 16 milhões de bovinos; hoje, são 210 milhões. ;Quando fazemos a integração lavoura, pecuária e floresta, ganhamos cada vez mais produtividade e nossa sustentabilidade é demonstrada pelos números do ILPF;, destacou.
Via de mão dupla
Segundo o ministro, o preço dos nossos produtos tem caído no exterior. O boom das commodities impactou favoravelmente as exportações agrícolas brasileiras até 2013. Desde então, o desempenho foi afetado devido ao recuo significativo das cotações internacionais. Além disso, não temos diversidade na exportação. Apenas 12 produtos equivalem a 88% das exportações, que se concentram em apenas alguns países.
O Brasil tem hoje menos de 7% do mercado mundial de alimentos. O projeto do governo é chegar a 10%. Mas, para isso acontecer, o ministro acredita que temos que melhorar os números de importação. Ele citou o exemplo do Distrito Federal, que quer exportar carne bovina para a Europa, que compra do Brasil 12 bilhões de euros por ano. Por outro lado, o Brasil compra da Europa 1,2 bilhão por ano ; o equivalente a 10%. ;Temos um preconceito com a importação quando deveria ser o contrário. Temos que nos fortalecer internamente para sermos competitivos e fazermos frente ao produto importado;, argumentou.