O presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Sidney Klajner, foi o convidado do programa CB.Saúde desta quinta-feira (23/7). Na conversa com o jornalista Humberto Rezende, Klajner esclareceu questões sobre a pandemia de covid-19, como o uso da cloroquina e de outros medicamentos no tratamento dos pacientes infectados.
De acordo com o médico, os estudos científicos conhecidos até aqui são suficientes para entender que não há benefícios no uso desse tipo de medicamento. Eles discordou de uma afirmação de Jair Bolsonaro, feita na semana passada, quando o presidente da República disse: "Não tem comprovação cientítica de que (a cloroquina) seja eficaz (contra a covid), mas também não tem comprovação de que não seja".
"Foi comprovado que não funciona", ressaltou Klajner. "Trabalhos que tenham rigor científico existem e vários deles demonstraram a não eficácia no tratamento", garantiu.
"Foi comprovado que não funciona", ressaltou Klajner. "Trabalhos que tenham rigor científico existem e vários deles demonstraram a não eficácia no tratamento", garantiu.
Efeitos colaterais
Ele seguiu ponderando que, a partir dessas descobertas, ministrar esses remédios aos pacientes seria correr um risco de desenvolver efeitos colaterais sem contrapartida alguma.
"O que define que a gente deva usar de forma protocolar (um determinado medicamento)? Que existam benefícios. Como os trabalhos mostram que o benefício não existe, por que eu vou correr o risco de efeitos colaterais?”, argumentou.
"O que define que a gente deva usar de forma protocolar (um determinado medicamento)? Que existam benefícios. Como os trabalhos mostram que o benefício não existe, por que eu vou correr o risco de efeitos colaterais?”, argumentou.
Entre os efeitos apontados em diversos estudos, Klajner apontou mortalidade por arritmia cardíaca, afecções oftalmológicas e hepatite. "Isso já se conhece porque a cloroquina é usada por muito tempo em doenças reumatológicas", lembrou.
Pesquisa própria
Uma equipe do Hospital Albert Einstein conduziu um estudo sobre os efeitos da cloroquina no tratamento da covid-19, cujos resultados ainda não foram divulgados. Perguntado se adiantaria as conclusões, Klajner respondeu com bom humor: "Para não cair nessa tentação, eu nem fui ver qual foi o resultado, porque outros trabalhos, para mim, já eram suficientes".
Klajner também comentou a decisão do hospital de não indicar novos pacientes para a médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina. Segundo ele, a decisão não ocorreu por conta da defesa que a médica faz do uso do remédio, mas, sim, por um comentário de Nise relacionado ao Holocausto e que a comunidade judaica em todo o mundo luta "contra a banalização do holocausto, da morte de seis milhões de judeus, para comparações".
Klajner também comentou a decisão do hospital de não indicar novos pacientes para a médica Nise Yamaguchi, defensora do uso da cloroquina. Segundo ele, a decisão não ocorreu por conta da defesa que a médica faz do uso do remédio, mas, sim, por um comentário de Nise relacionado ao Holocausto e que a comunidade judaica em todo o mundo luta "contra a banalização do holocausto, da morte de seis milhões de judeus, para comparações".