Ciência e Saúde

Conheça as principais vacinas para covid-19 em teste pelo mundo

São mais de 100 fórmulas em desenvolvimento ao redor do globo. A expectativa é que o imunizante fique pronto em tempo recorde



A corrida por uma vacina contra a covid-19 mobiliza o mundo inteiro e deve chegar a um resultado em tempo recorde. Porém, mesmo com mais de 100 iniciativas em curso, a solução para a pandemia ainda deve demorar alguns meses.

Nesta segunda-feira (20/7), artigo publicado na revista The Lancet mostrou que a vacina desenvolvida pela Universidade Oxford, no Reino Unido, a mais avançada segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e em teste no Brasil, consegue induzir resposta imunológica. Nesta segunda, também chegaram ao Brasil as doses da vacina chinesa que será testada no país, inclusive em Brasília.

O processo para aprovação de uma vacina é trabalhoso. Segundo a professora Anamélia Lorenzetti Bocca, do Laboratório de Imunologia Aplicada da Universidade de Brasília (UnB), o desenvolvimento de uma imunização dura em média 10 anos.

Primeiro, é realizad a etapa pré-clínica, quando são observados como é a produção de anticorpos e que moléculas estimulam essa produção. "Depois dessa definição, é sintetizado e faz os ensaios in vitro. No Brasil, existe toda uma legislação, tem que fazer testes em mais de uma espécie de animal, por exemplo", explica.  

Feita a substância, ela ainda precisa passar por três fases de testes em pessoas: a primeira busca saber se ela não é tóxica para o organismo humano e que efeitos colaterais que ela pode provocar. Na segunda, é hora de testar se ela funciona, ou seja, se a pessoa produz anticorpos contra a doença. E a terceira e última fase funciona da mesma forma que a segunda, porém em larga escala. A vacina mais rápida a ser feita da história é do sarampo. A doença foi descoberta em 1953 e o imunizante estava disponível em 1963. 

Por que a da covid-19 será mais rápida?

Com a covid-19, no entanto, várias empresas prometem vacinas  ainda este ano. A professora Anamélia diz que isso é sim possível, porém, somente por alguns motivos específicos dessa pandemia. Um deles é a quantidade de dinheiro envolvido, e o outro é o vírus ser uma variação de dois outros patógenos já bem conhecidos: Sars e Mers, responsáveis por epidemias em 2003  e 2012, respectivamente.

"A fase pré-clínica já estava pronta. A proteína é a mesma da Sars e Mers. Eles estavam com isso na mão. E tem muito dinheiro envolvido. Estão fazendo testagens em milhares de pessoas ao mesmo tempo", explica a professora. "Nós só estamos nesse ponto hoje porque houve investimento antes", ressalta. 

Saiba Mais

Apesar das expectativas serem positivas, ela alerta que os estudos têm que continuar, porque é possível que a vacina só imunize por um período. Outro risco é que, após todos os testes, a fórmula não se mostre tão eficaz quanto esperado. "Já houve vacina contra a dengue que precisou ser retirada de circulação porque não deu certo", lembra.
  

O desafio da distribuição

Na quarta-feira (15/7), a OMS anunciou o projeto Covax Facility, uma ação global que pretende garantir acesso rápido, justo e igualitário às vacinas da covid-19 quando estiverem prontas. Ao todo, 165 países estão envolvidos.

As nações de renda alta ou média terão que pagar pelos custos de suas vacinas, o que envolve o Brasil, e os de renda baixa receberão um financiamento para arcar com as despesas. A OMS tem como meta distribuir  dois bilhões de doses pelo mundo até o fim de 2021.

O acordo feito entre Brasil e a Universidade de Oxford é que, caso a vacina seja aprovada, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será a responsável pela produção das doses no país. A expectativa é que, inicialmente, sejam produzidas 30 milhões de doses. Serão priorizadas pessoas que estão dentro do grupo de risco, como idosos, e também profissionais de saúde. 

No caso da vacina chinesa, o acordo foi feito com o Instituto Butantan, em São Paulo, que teria os direitos de produção no Brasil, caso a vacina seja aprovada.