A família dos grandes dinossauros carnívoros Tiranossauro Rex e Velociraptor acaba de ganhar mais um integrante. E ele é brasileiro. A nova espécie viveu na Bacia do Araripe durante o período jurássico, tinha pelo menos 3 metros de altura e o corpo coberto de penas. O novo dino é o Aratasaurus Museunacionali –– uma combinação de “ara” e “ata”, que na língua tupi significam “nascido” e “fogo”; com “sauros”, o sufixo grego para designar os lagartos.
Assim, o “dinossauro que nasceu do fogo” do Museu Nacional foi batizado, em uma referência ao incêndio que destruiu a instituição há dois anos. O fóssil do animal, que não estava no palácio, mas em um prédio anexo, acabou escapando ileso das chamas que consumiram grande parte do acervo. “Fiquei bem emocionado com essa sugestão de fazer uma homenagem ao Museu Nacional”, contou o diretor da instituição, o paleontólogo Alexander Kellner, que participou da descrição da nova espécie. “Acho que é um reconhecimento do trabalho que fazemos, mostrando que o museu continua vivo e vibrante”.
O local onde o Aratassauro foi encontrado é muito rico em fósseis e se estende pelos estados de Ceará, Pernambuco e Piauí. O fóssil foi coletado em 2008, em uma mina de gesso, chamada Mina Pedra Branca, entre as cidades Nova Olinda e Santana do Cariri, no Ceará. A estimativa é de que ele tenha vivido entre 115 milhões e 110 milhões de anos atrás. Foram encontrados fragmentos de ossos e garras do membro inferior esquerdo.
O exemplar achado tinha pouco mais de 3 metros de comprimento e uma massa entre 34 e 35 quilos. Ou seja, não chegava a ser tão grande quanto o T-Rex, mas era maior do que o Velociraptor. A análise microscópica de seus ossos, no entanto, revelou que esse exemplar ainda era um jovem e, portanto, poderia alcançar dimensões ainda maiores. Os pesquisadores dizem acreditar que ele seria um predador ágil, que corria pelas margens de lagos à procura de alimento, possivelmente pequenos animais.
Raridade
A nova espécie pertence ao grupo coelurosauria, que surgiu ha 168 milhões de anos, no Jurássico Médio. Os indivíduos mais antigos desse grupo são muito raros e restritos, até agora, à América do Norte e à China. O Aratasauro é o mais primitivo celurossauro achado na América do Sul. A descoberta sugere que essas primeiras formas teriam uma distribuição bem mais ampla do que se supunha até agora.
Curiosamente, o novo dinossauro não é aparentado com outras espécies encontradas na Bacia do Araripe, como o Santanaraptor. A espécie mais parecida é a de um outro celurossauro, o Zuolong Sallei, encontrado na província de Xinjiang, na China.
A descrição do novo dinossauro foi publicada na revista Scientific Reports, do grupo da Nature, e é assinada por especialistas da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Regional do Cariri e do Museu Nacional da UFRJ. O fóssil encontrado ficará em exposição no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri (CE).
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.