Segundo as equipes da Universidade de Cambridge e do Instituto Hubrecht da Holanda, cujo estudo foi publicado nesta quinta-feira (11) na revista científica Nature, este modelo de pseudoembrião permite observar pela primeira vez diretamente os processos subjacentes da formação do corpo humano.
Este modelo é um "primeiro passo para a modelização do surgimento do plano do corpo humano e pode ser útil para estudar o que acontece quando as coisas dão errado, como malformações congênitas", estima a Dra. Naomi Moris, do Departamento de Genética de Cambridge e co-autora do estudo.
É a primeira vez que células-tronco humanas são usadas para criar um modelo tridimensional de um embrião humano, depois dos modelos feitos com células-tronco de camundongos e peixes-zebra. O protótipo desenvolvido se assemelha em parte a um embrião com entre 18 e 21 dias.
O "plano" do corpo humano, ou seja, o esquema diretivo da construção do organismo, é desenvolvido a partir de um processo chamado gastrulação, durante o qual é formada uma estrutura de três camadas de células que mais tarde constituirão os diferentes tecidos. Durante o período de gastrulação, considerado a "caixa preta" do desenvolvimento humano, podem ocorrer inúmeras anomalias congênitas devido a fatores como consumo de álcool, medicamentos, produtos químicos e infecções.
Segundo os autores do estudo, este embrião de laboratório também poderia servir para entender melhor problemas médicos, como infertilidade, abortos espontâneos e problemas genéticos. "Nosso modelo produz parte do plano de um humano", disse o responsável pelo trabalho, Alfonso Martínez-Arias, também do Departamento de Genética de Cambridge.
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No entanto, após 72 horas de desenvolvimento, os cientistas observaram sinais evidentes dos fenômenos que levam à formação de músculos, ossos e cartilagens. O estudo abre uma "janela fantástica" sobre a formação inicial do corpo humano, disse Jeremy Green, professor de biologia do desenvolvimento no King's College London, que não participou do estudo.