A Agência Espacial Brasileira (AEB) publicou, nesta segunda-feira (25/5), um edital para que empresas civis do mundo inteiro se candidatem para usar a Base de Alcântara, no Maranhão, para lançamentos orbitais. A expectativa é que o primeiro evento do tipo ocorra em 2021.
Os interessados têm até 31 de julho para se candidatar. De acordo com o presidente da AEB, Carlos Moura, já existem companhias interessadas. "Estamos sendo bem humildes. O mercado dos pequenos satélites tem crescido e não tem muitos lançadores. É esse o nicho que queremos explorar. Algumas empresas já nos procuraram e visitaram Alcântara, cerca de umas 12 empresas. E, no mundo, existem dezenas e dezenas de desenvolvedoras", destaca.
Para a AEB, o edital tem "grande significado histórico". O programa espacial brasileiro tem mais de 20 anos, mas o Brasil nunca fez um lançamento em órbita a partir de seu solo — até agora, foram feitos lançamentos não lineares, suborbitais e lançamentos orbitais a partir de outros países. Em 2017, o Brasil lançou o primeiro satélite brasileiro, que saiu da base da Guiana Francesa. O Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas tem como missão reforçar a segurança nacional, atuando na vigilância das fronteiras e do espaço aéreo, além de ampliar a banda larga de internet no país.
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"Vinte anos após a apresentação do acordo, ele ainda não tinha sido ratificado pelo Congresso Nacional, o que ocorreu em novembro passado. Depois disso, foi assinado o termo de cooperação entre a AEB e a FAB", conta o presidente da AEB.
A base de Alcântara
Inaugurada em 1983, a Base de Alcântara fica a 90km de São Luís e tem uma localização geográfica considerada privilegiada para lançamento de foguetes. Por ficar a 250km da linha do Equador, o a base fornece a possibilidade de grande economia de combustível. Outra vantagem é o clima da região, que permite lançamentos o ano inteiro.
Segundo Carlos Moura, o edital é um grande passo para a ciência brasileira, mas também traz benefícios econômicos e sociais para a região de Alcântara. "É um local excepcional. Foi concebido para ser de interesse mundial. A atividade especial, que antes era de projetos de governo, começou a ter empreeendimentos de negócios. O Brasil pode começar a fazer parte desse mercado. Além do progresso, educação", afirma o presidente da AEB.
Moura diz que o país tem muito potencial no setor e o que falta é mais estímulo. "Nós somos um país continental, isso requer meios para poder cuidar de tudo, e a melhor forma é a espacial. Derramamento de óleo, desmatamento, tudo isso pode ser monitorado. Esse é só o primeiro passo que acreditamos que pode acender essa fagulha do bem", destaca.