Uma pesquisa realizada com 96 mil pacientes divulgada nesta sexta-feira (22/5) revela que a hidroxicloroquina e a cloroquina não combatem a covid-19. O estudo mostrou ainda que o uso do medicamento pode causar arritmia cardíaca e morte em pacientes hospitalizados diagnosticados com o novo coronavírus.
O estudo, publicado na revista científica The Lancet, observou 96.032 pacientes internados em 671 hospitais de seis continentes, e mostrou que as pessoas tratadas com os medicamentos apresentavam maior risco de morte quando comparadas àquelas que não receberam a substância. A idade média dos pacientes, internados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril de 2020, é de 53,8 anos.
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Entre os que tomaram a hidroxicloroquina, houve aumento de 34% no risco de mortalidade e de 137% no risco de arritmias cardíacas graves. Quando combinada com antibióticos, o medicamento aumentou em até 45% o risco de morte nos pacientes e em 411% a chance de arritmia cardiaca grave.
Já a cloroquina, quando administrada sozinha, representou um aumento de 37% no risco de mortalidade e de 256% em arritmia cardiaca. Quando combinada com um antibiótico, ela continuou apresentando o mesmo risco de mortalidade e um aumento de 301% no risco de arritmias cardíacas graves.
Para os autores do estudo, esses antimaláricos não devem ser usados para tratar a covid-19 fora dos ensaios clínicos até que os resultados deles estejam disponíveis para confirmar a segurança e a eficácia para pacientes com a infecção.
Protocolo da cloroquina no Brasil
O Ministério da Saúde divulgou na quarta-feira (20/5) o novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes com o novo coronavírus. A orientação do uso do medicamento, aprovada após pressão do presidente Jair Bolsonaro, indica aos médicos a utilização da substância para pacientes com sintomas leves da covid-19. A proposta vai em direção oposta à maioria dos países no mundo, onde a droga só é usada para pacientes graves.