“A disseminação global do vírus saturou os sistemas de saúde, alterou a economia mundial e causou paralisia social generalizada”, destacou. Desde dezembro, há mais de 1,5 milhão de casos confirmados da doença e, ao menos, 93,7 mil mortes. Segundo o líder da OMS, há uma preocupação maior quanto aos efeitos em populações mais pobres, principalmente na África, onde o novo coronavírus tem se espalhado com rapidez nos últimos dias — de domingo a ontem, foram contabilizados 2,2 mil dos 8,3 mil casos confirmados.
Devido ao cenário africano e ao de outras regiões menos favorecidas, a segunda edição do plano estratégico da OMS para tratar a Covid-19, com publicação prevista para os próximos dias, será focada em medidas de apoio a essas comunidades. O novo guia terá cinco pontos-chave: mobilizar setores e comunidades; suprimir a transmissão; controlar casos esporádicos e combater a transmissão comunitária; atender os casos de forma adequada para reduzir a mortalidade; e incentivar o desenvolvimento de vacinas e terapias seguras e eficazes.
“Esses objetivos devem ser apoiados por estratégias nacionais adaptadas para encontrar, testar, isolar e atender a cada caso e rastrear cada contato”, defendeu Tedros Ghebreyesus. “Nosso segundo plano de preparação e resposta estimará os recursos necessários para implementar estratégias nacionais e internacionais durante a próxima fase da resposta à pandemia. Estamos todos juntos nisso, e ainda temos um longo caminho a percorrer. Devemos colocar em quarentena a politização desse processo. Temos que trabalhar juntos, e não temos tempo a perder.”
Testes
A OMS também divulgou um relatório em que não aconselha o uso de testes rápidos de Covid-19 baseados na detecção de anticorpos. A agência estima que mais da metade dos pacientes pode não ter a infecção detectada nesse tipo de exame, e que muitos falsos positivos ocorrem porque as tiras utilizadas reconhecem antígenos virais que não são os da Covid-19. Pelas evidências atuais, a recomendação da agência é de que essas abordagens sejam usadas apenas em trabalhos de pesquisa.
Também divulgado ontem, um artigo científico chama a atenção para o fato de que a falta de confiabilidade desses diagnósticos cria um risco coletivo, já que há uma tendência excessiva de testes de Covid-19 para a tomada de decisões clínicas e de saúde pública. “Um teste negativo geralmente não significa que a pessoa não tem a doença e os resultados do teste precisam ser considerados no contexto das características e da exposição do paciente”, alerta, em comunicado, Priya Sampathkumar, especialista em doenças infecciosas da Clínica Mayo e coautora do estudo, publicado na revista Mayo Clinic Proceeding.