Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 06:00
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou, nesta quarta-feira (18/3), que a Covid-19 não pode ser considerada uma doença apenas de idosos. As autoridades explicaram que, apesar de a taxa de mortalidade da doença ser maior em pessoas mais velhas, os jovens e as crianças precisam de atenção e cuidados em relação à pandemia que contabiliza mais de 8 mil mortes. Uma criança chinesa está entre essas vítimas, segundo os representantes da agência, que passou a considerar a doença um “inimigo da humanidade”.
Durante a coletiva, em Genebra, os especialistas destacaram que os cuidados em relação ao vírus precisam ser adotados por pessoas de todas as idades. “Ela não afeta apenas idosos, pessoas mais jovens são atingidas pela doença. Na Coreia do Sul, por exemplo, apenas 20% das mortes incluíam pacientes idosos. Por isso, devemos observar todos, incluindo os casos mais leves, e todo caso suspeito deve ser testado”, alertou Michael Ryan, diretor executivo da OMS.
Segundo os especialistas, o comportamento do vírus em crianças está sendo analisado. Estudos mostram, por exemplo, que os mesmos sintomas que acometem adultos são observados em quem tem menos idade. “O número de casos em crianças é mais baixo, mas já sabemos que elas são suscetíveis à doença. Sabemos também que, na China, muitas delas evoluíram para estados mais graves. Tivemos também o registro da morte de uma criança nesse país”, detalhou Maria Van Kerkhove, chefe da área de doenças da OMS.
Quatro em cada cinco casos estão concentrados na Europa e na região do Pacífico Ocidental, sendo que o último balanço da agência contabiliza mais de 200 mil registros da doença. “O coronavírus representa uma ameaça sem precedentes, mas também é uma ocasião sem precedentes para nos unirmos contra um inimigo comum, um inimigo da humanidade”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência de saúde.
Vidas salvas
A OMS segue pedindo a todos os países que implementem uma abordagem abrangente, com o objetivo de diminuir a transmissão do coronavírus e reduzir a curva de avanço da epidemia. “Essa abordagem está salvando vidas e ganhando tempo para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos”, justificou Tedros Ghebreyesus. Segundo ele, a estratégia foi efetiva na Coreia do Sul, que chegou a contabilizar 800 casos de infecção. Após medidas de restrição de circulação de pessoas, o balanço atual é de 90.
Tedros Ghebreyesu reforçou ainda a lista de abordagens que tem sido recomendada a autoridades de saúde e as pessoas em geral. “Para suprimir e controlar a epidemia, os países devem isolar (os infectados), testar, tratar e rastrear (a origem da contaminação). Não presuma que sua comunidade não será afetada. Prepare-se como se fosse (acontecer). Não presuma que você não será infectado. Prepare-se como se fosse”, aconselhou.
Em prol desse enfrentamento coletivo da doença, a OMS informou estar organizando um estudo com dados de vários países para identificar tratamentos ainda não testados. De acordo com a agência, a medida é uma forma de acelerar a busca por potenciais terapias e medicamentos. Aos menos 50 grupos de pesquisa buscam a fórmula para uma vacina que ajude a conter o novo vírus.
Cautela ao parar o uso de ibuprofeno
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) pediu, nesta quarta-feira (18/3), que os pacientes que tomam ibuprofeno para tratar uma doença crônica não interrompam o tratamento sem aconselhamento médico. O alerta foi emitido em decorrência de advertências de uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para interromper a ingestão do anti-inflamatório em pacientes infectados pelo novo coronavírus. Há a suspeita de que o medicamento pode agravar a infecção. A EMA, porém, não concorda inteiramente com essa hipótese. “Ao iniciar um tratamento contra a febre e a dor no quadro de Covid-19, pacientes e cuidadores devem considerar todas as opções, incluindo paracetamol e AINEs (anti-inflamatórios não esteroides, incluindo o ibuprofeno)”, defende a agência. “Atualmente não há evidências científicas ligando o ibuprofeno ao agravamento da Covid-19”, justifica, em nota.
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