Os pesquisadores norte-americanos chegaram a essa conclusão depois de realizar um estudo de modelagem, que explica a rápida expansão geográfica do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19, na Ásia. A equipe usou um modelo de computador baseado em observações de infecções relatadas e disseminadas na China em conjunto com dados de mobilidade urbana coletados de 10 a 23 de janeiro e de 24 a 8 de fevereiro.
Por meio das análises, os cientistas observaram que, antes das restrições de viagem adotadas em Wuhan em 23 de janeiro, 86% dos casos da doença não eram documentados. Além disso, essas infecções não registradas eram 55% tão contagiosas quanto as documentadas. “A explosão dos casos de Covid-19 na China foi causada principalmente por indivíduos com sintomas leves, limitados ou inexistentes que não foram detectados”, destaca, em comunicado, Jeffrey Shaman, professor de ciências da saúde ambiental na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo. “Dependendo da contagiosidade e do número, casos não detectados podem expor uma parcela muito maior da população ao vírus do que ocorreria de outra forma. Essas transmissões furtivas continuarão a apresentar um grande desafio para a contenção desse surto daqui para frente”, completa o cientista.
Conscientização
Os resultados revelam como os esforços de controle do governo e a conscientização da população após janeiro de 2020 reduziram bastante a transmissão de vírus, embora não seja claro se isso continuará quando as medidas de controle forem “relaxadas”, ressaltam os autores. Eles destacam ainda que as principais conclusões do estudo “podem mudar em outros países com diferentes práticas de controle, vigilância e relatórios”.A equipe defende ainda o “aumento radical” na identificação de infecções não documentadas, com o objetivo de controlar completamente a Covid-19. “O aumento da conscientização sobre o surto, do uso de medidas de proteção individual e a restrição de viagens ajudaram a reduzir a força geral da infecção. No entanto, não está claro se essa redução será suficiente para conter completamente a propagação do vírus”, diz Shaman. “Se o novo coronavírus seguir o padrão da influenza pandêmica H1N1 de 2009, ele também se espalhará globalmente e se tornará o quinto coronavírus endêmico na população humana.”