Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Índia cancela primeira missão ao polo sul da Lua faltando menos de 1 hora

Um ''problema técnico" adiou a ambição do país de virar a quarta nação a pousar um aparelho na Lua

Sriharikota, Índia ; Cinquenta e seis minutos e 24 segundos antes do horário previsto, a Índia cancelou, nesta segunda-feira (15/7), por um "problema técnico" o lançamento ao espaço de sua missão lunar, o que adiou a ambição do país de virar a quarta nação a pousar um aparelho na Lua.

A Agência Espacial Indiana (ISRO) pretendia lançar nesta segunda-feira às 2h51 (18h21 de Brasília, domingo) a missão Chandrayaan-2 ; carro lunar em hindi ; a partir da base de Sriharikota, sudeste do país.

A expedição deveria pousar no dia 6 de setembro um módulo de descida e um robô no polo sul da Lua, a 384.000 quilômetro da Terra. "Um problema técnico foi detectado no sistema de lançamento do veículo no minuto T -56", afirmou a ISRO no Twitter, sem especificar o tipo de incidente.

"Como medida de precaução, o lançamento da Chandrayaa-n2 foi cancelado por hoje. A nova data de lançamento será anunciada em breve", completou a agência.

A missão faria da Índia o quarto país a realizar uma alunissagem e o primeiro a colocar uma sonda no polo sul do satélite natural da Terra, onde foi detectada a presença de gelo, crucial para uma eventual colonização da Lua e como combustível para missões interplanetárias.

O anúncio do adiamento da missão aconteceu pouco depois da fase de abastecimento com hidrogênio líquido do motor criotécnico ; baseado na associação de oxigênio e hidrogênio em estado líquido do foguete GSLV-MkIII, o mais potente lançador indiano, equivalente a um foguete europeu Ariane 4.

"Acredito que se o (novo) lançamento não acontecer nas próximas 48 horas, pode ser adiado por vários meses até que tenhamos uma janela de lançamento oportuna" declarou à AFP Ravi Gupta, ex-cientista da agência militar ;Defence Research and Development Organisation; (DRDO).

A Chandrayaan-2 inclui um orbitador lunar, um módulo de descida e um rover (veículo de exploração), um dispositivo com peso conjunto de 3,8 toneladas.

Nova Delhi destinou 140 milhões de dólares ; uma quantia muito inferior a das outras grandes agências espaciais para este tipo de missão ; para a Chandrayaan-2.

A missão do Pragyan, o rover indiano, que pesa 27 quilos, é procurar no solo lunar rastros de água e "sinais fósseis do sistema solar primitivo", indicou a ISRO.

O veículo, propulsado por energia solar, deve, a princípio, funcionar durante um dia lunar, o equivalente a 14 dias terrestres, e pode percorrer até 500 metros.

A missão indiana é parte de um contexto de intensificação do interesse internacional pela Lua, visitada por seres humanos pela última vez em 1972.

Vários países planejam intensificar a exploração do satélite. O governo americano pediu à Nasa que volte a enviar astronautas à Lua em 2024.

O retorno à Lua é considerado uma etapa inevitável na preparação dos voos tripulados para outros planetas, começando por Marte.

O projeto Chandrayaan-2 é a segunda missão lunar da Índia, que há 11 anos, na missão Chandrayaan-1, colocou uma sonda em órbita ao redor da Lua.

O programa espacial indiano se destaca por combinar objetivos ambiciosos com recursos muito menores que os de outro países, o que não impede o rápido avanço.

A ISRO pretende enviar até o fim de 2022 três astronautas ao espaço, em seu primeiro voo tripulado.

Também aspira construir sua própria estação espacial nos próximos 10 anos.