Participaram do estudo 252 crianças, que tiveram a composição do microbioma bacteriano oral avaliada por meio de sequenciamento genético altamente avançado. O objetivo dos especialistas era entender melhor a composição das bactérias orais durante o desenvolvimento humano. ;A composição do microbioma oral é criticamente importante na saúde bucal e na doença, mas os padrões e os mecanismos relacionados a esse tema ainda não foram estudados de forma abrangente;, justificam, no artigo, os autores do estudo, liderado por Ann Griffen, pesquisadora da Universidade Estadual de Ohio.
Na análise, a equipe descobriu que a riqueza de espécies de microbiota aumenta com a idade tanto na placa supragengival quanto na subgengival e tende à saliva. ;Aproximadamente, 20% das espécies aumentaram significativamente;, frisam os autores. Entre as diversas variáveis clínicas examinadas, apenas idade, níveis de placa e presença de tártaro mostraram efeito significativo na composição da comunidade microbiana dos voluntários. ;Os resultados sugerem que o amadurecimento de comunidades microbianas orais em crianças segue um padrão comum. Ele se torna mais complexo com o avanço da idade e tem como característica um núcleo estável das principais espécies;, explicam os pesquisadores.
Também foi identificada a existência de um grupo compartilhado de espécies precoces que são perdidas ou diminuem em abundância com o avançar da idade. Outro grupo, por outro lado, vai ganhando mais espaço. ;Acreditamos que esses dados são valiosos, pois podem nos ajudar a entender melhor o desenvolvimento de bactérias orais e, se necessário, controlá-lo. Mas é preciso se aprofundar no tema, mais dados são necessários para confirmar os resultados desse estudo;, ponderam os autores do artigo.
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Ítalo Barbosa, cirurgião dentista, acredita que o estudo internacional mostra dados valiosos, que seguem uma linha que tem sido bastante explorada por especialistas na área odontológica. O especialista também concorda com o trabalho precisa ser aprofundado. ;A alimentação, por exemplo, é um fator que não foi analisado e que pode influenciar, de forma gigantesca, a comunidade de bactérias orais em crianças. O uso de antibióticos também. Ele é tão significativo que, quando ingerimos esse medicamento, demora cerca de dois anos para as bactérias mortas por ele serem restauradas pelo organismo;, ilustra.
Segundo o médico, estão surgindo opções terapêuticas relacionadas ao mapeamento de bactérias orais. Para ele, essas abordagens podem contribuir para tratamentos mais eficazes de problemas bucais comuns, como a cárie e a periodontite. ;Temos uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, em que os especialistas testaram uma transferência de genes com o objetivo de tratar pacientes com doenças crônicas, como a periodontite. É algo com resultados preliminares positivos, que ainda precisa ser mais estudado, mas que já começa a tomar forma;, relata.