A obesidade infantil é uma epidemia global, atingindo cerca de 40 milhões de crianças de 0 a 5 anos, que já sofrem de uma situação se sobrepeso, destacou a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Florence Bauer. O tema está em debate no II Encontro Regional sobre Ações de Prevenção da Obesidade Infantil no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas para Nutrição, que começou nesta segunda-feira (3/6). Participam da discussão representantes dos governos da Argentina, Belize, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Granada, México, Panamá, Peru e Uruguai, membros da academia e da sociedade civil.
O número de crianças e adolescentes de cinco a 19 anos ; obesos em todo o mundo aumentou 10 vezes nas últimas quatro décadas. Quatro países das Américas, entre eles o Brasil, estão entre os 10 no ranking de obesidade no mundo. Segundo dados do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional, a cada ano, o número cresce em 3,6 milhões de pessoas, se tornando a maior ameaça nutricional na América Latina e no Caribe.
;Para combater isso, precisamos reinventar culturas alimentares, trocar a ideia de comer pela ideia de se nutrir. É preciso discutir sobre a tendência mundial na etiquetação dos ultraprocessados e também as propagandas de alimentos não saudáveis para as crianças, fomentando o fornecimento de produtos frescos nas cantinas escolares;, ressaltou Rafael Zavala, representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deu destaque para a criação da Secretaria de Atenção Primária em Saúde e alertou para sedentarismo. ;Quando falamos sobre obesidade infantil, a gente dialoga sobre dois pilares; um da alimentação e outro da atividade física, do combate ao tempo de tela das crianças, que, no mundo inteiro, passaram a ficar muito mais reclusas e menos expostas a atividades lúdicas da infância;, disse.
Sedentarismo
;Somos um dos países mais sedentários do mundo e devemos também avançar muito na questão da atividade esportiva, nas escolas e em programas de esporte comunitário, para que possa vir junto com o programa de alimentação e nutrição saudável. Não deve ser uma política somente do Ministério da Saúde, nós todos sabemos que também precisam estar inseridas políticas na economia, na agricultura, na política de educação e de esportes;, acrescentou o ministro.Para o endocrinologista e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Mario Kehdi Carra, é preciso dar atenção à importância da família e do ambiente escolar. ;Além de ser um problema genético, temos que considerar que a criança por si só não vai sozinha procurar um alimento hipercalórico, quem acaba tendo esse tipo de atitude são os pais, que compram ou permitem que elas consumam, além do baixo custo. As escolas também devem ter um papel mais eficaz tocando nessa questão nutricional e de doenças, porque muitas vezes as pessoas pensam que não faz parte da educação, mas da informação que deve ser dada;, disse.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira