No caso da castanha-do-pará, participaram do experimento 22 pessoas saudáveis, com no mínimo 20 anos e média 22,3 do índice de massa corporal (IMC), o que é considerado um peso normal. Os voluntários tiveram que consumir diariamente 36g da famosa rosquinha pretzel ou 20g da castanha ; o equivalente a cerca de cinco unidades ;, além de seguir a dieta habitual. Ambos os alimentos tinham praticamente a mesma quantidade de sódio e caloria.
Exames e entrevistas feitos nos voluntários mostraram que a castanha-do-pará e o pretzel aumentaram significativamente a sensação de plenitude e reduziram a sensação de fome, sendo que o efeito foi maior entre aqueles que consumiram o produto natural. O pretzel também aumentou significativamente a glicose e a insulina no sangue dos participantes 40 minutos após serem ingeridos, efeito não percebido nos integrantes do outro grupo.
;Comer castanha-do-pará estabilizou os níveis de glicose e insulina, o que pode ser benéfico na prevenção do diabetes e no ganho de peso;, ressalta, em comunicado, Mee Young Hong, autora sênior do estudo e professora na Escola de Ciências do Exercício e Nutrição da San Diego State University. A cientista acredita que o resultado deve servir de estímulo para que os efeitos do alimento continuem sendo investigados. ;Nosso estudo permite que pesquisadores e médicos considerem o possível papel benéfico da castanha-do-pará para ajudar as pessoas a se sentirem completas e a manterem um nível saudável de glicose, reduzindo o risco de obesidade e diabetes, um importante fator de risco para ataques cardíacos e derrames;, justifica.
Estudos anteriores mostraram associação entre melhorias nas respostas de insulina e glicose e a ingestão regular da castanha-do-pará. Nesses casos, a forte presença de selênio é ligada ao benefício. No novo estudo americano, apenas 9% dos participantes eram homens. Por isso, Mee Young Hong e a equipe acreditam que os resultados não devem ser generalizados para a população masculina.
Troca nutritiva
Conduzida na Harvard School of Public Health, a pesquisa sobre os benefícios da ingestão de nozes e amendoim teve uma base de dados maior. Os investigadores avaliaram questionários de frequência alimentar respondidos por integrantes de três grandes grupos de estudo: 25.394 homens do Estudo de Acompanhamento dos Profissionais de Saúde, 53.541 mulheres do Estudo de Saúde do Enfermeiro e 47.255 mulheres do Estudo de Saúde do Enfermeiro II. Todos os voluntários não tinham doença crônica quando entraram na pesquisa de base.A equipe da Harvard School descobriu que comer cerca de 30g de qualquer tipo de nozes ou amendoim está associado a um menor risco de ganho de peso ou de se tornar obeso em um período de quatro anos. O mesmo benefício é alcançado ao substituir esses alimentos por uma porção de carne processada, batatas fritas ou sobremesa. ;As pessoas costumam ver as nozes como itens alimentares ricos em gordura e calorias. Por isso, hesitam em considerá-las como lanches saudáveis, mas, na verdade, elas estão associadas com menos ganho de peso e bem-estar;, diz Xiaoran Liu, primeira autora do estudo.
A cientista explica que, na fase adulta, um indivíduo ganha, em média, 1kg por ano. A longo prazo, essa mudança no peso pode ser bastante prejudicial à saúde. ;Adicionar nozes à dieta pode ajudar a evitar esse ganho lento e gradual depois que você entra na idade adulta e a reduzir o risco de obesidade;, ressalta. Os participantes da pesquisa eram principalmente brancos e profissionais da saúde, mas Xiaoran Liu e a equipe acreditam que os resultados podem ser aplicados a uma população geral.
Análise ampla
Um dos maiores estudos sobre os benefícios cardíacos da ingestão de oleaginosas mostra que o consumo de cinco ou mais porções de nozes por semana reduz em 14% o risco de surgimento de doenças cardiovasculares e em 20% de doenças coronarianas. Os resultados foram semelhantes quando os cientistas consideraram o consumo de nozes, castanhas e amendoim. A pesquisa foi conduzida na Harvard School of Public Health, com dados de 210 mil pessoas. Os resultados foram publicados no Journal of the American College of Cardiology.