Jerusalém - Os egípcios já praticavam a aquicultura há mais de 3.500 anos, revelou um estudo realizado por cientistas alemães e israelenses, que dizem ter identificado a mais antiga evidência já encontrada desta prática no mundo.
Ao estudar cem dentes de dourada em vários sítios arqueológicos de Israel, cientistas das universidades de Haifa (Israel), Mainz e G;ttingen (Alemanha) conseguiram demonstrar que estes peixes foram criados em uma lagoa no norte do Sinai, no Egito, segundo um comunicado sobre este estudo, publicado nesta terça-feira (16/10).
O doutor Guy Bar-Oz, professor de arqueologia na universidade de Haifa e um dos autores da pesquisa, afirmou que os cientistas acreditam que a piscicultura de tilápias também foi praticada há 4.000 anos na China, mas sua descoberta é a primeira prova do uso deste método em uma época tão remota.
Através da observação dos diferentes tipos de átomos do oxigênio depositado nos dentes das douradas, os cientistas deduziram que elas tinham "vivido ao menos quatro meses" em uma lagoa fechada, destacou em declarações à AFP.
Os criadores praticavam a aquicultura tradicional. "Encontravam uma lagoa aonde chegavam os peixes e a fechavam" durante alguns meses. Depois, "podem ser facilmente pescados", explica o professor. Esta técnica ainda é utilizada hoje em dia na mesma lagoa do Sinai.
Há 3.500 anos, o tamanho dos peixes era muito díspar e foi se padronizando. Os peixes importados do Egito são todos "do tamanho de um prato", "com cerca de 500 gramas de peso e 40 centímetros de comprimento, exatamente o que vemos em peixes criados na aquicultura moderna", informou a doutora Irit Zohar, também da universidade de Haifa, coautora do estudo.
Naquela época, o "Egito se tornou uma superpotência da aquicultura, exportando pescado para o norte", para cidades atualmente israelenses, segundo o doutor Bar-Oz. A maioria dos peixes encontrados por estes cientistas provêm da aquicultura, e não da pesca tradicional local.