Ciência e Saúde

Três cientistas vencem o Nobel de Química por pesquisas sobre a evolução

As pesquisas são sobre princípios da evolução empregadas para desenvolver proteínas utilizadas para fabricar desde biocombustíveis até medicamentos.

Agência France-Presse
postado em 03/10/2018 08:23
Estocolmo, Suécia - O Prêmio Nobel de Química 2018 foi para três pesquisadores que utilizaram princípios básicos da evolução biológica por seleção natural, consagrados por Charles Darwin no século 19, para desenvolver novas moléculas e produtos in vitro no laboratório. Os laureados são a americana Frances Arnold, o americano George Smith e o britânico Gregory Winter.

[SAIBAMAIS]Frances, de 62 anos, pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), foi pioneira no desenvolvimento da "evolução dirigida de enzimas", processo que permite produzir novas moléculas com propriedades de interesse tecnológico específico, usadas atualmente em uma enorme variedade de produtos e processos, de detergentes de cozinha a drogas inteligentes, e na produção de biocombustíveis.

Smith e Winter, de 77 e 67 anos, respectivamente, também utilizaram princípios evolutivos para desenvolver uma técnica conhecida pelo nome em inglês "phage display", que utiliza bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) para induzir a geração de novas proteínas, com características específicas, para serem usadas em uma série de aplicações. As proteínas são geradas dentro das bactérias em cultura (in vitro), e depois purificadas.

Smith, professor da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, inventou o método em 1985; e Winter, atualmente no Laboratório de Biologia Molecular MRC, em Cambridge, na Inglaterra, utilizou a técnica nos anos seguintes para direcionar a evolução de anticorpos de interesse farmacêutico, utilizados desde então no desenvolvimento de novas drogas contra uma série de doenças.

Frances ficará com metade do prêmio, de aproximadamente US$ 1 milhão. A outra metade será dividida entre Smith e Winter.

Nesta semana, já foram anunciados os ganhadores do Nobel de Medicina - pela imunoterapia contra câncer - e de Física - por pesquisas no campo da tecnologia a laser.

Dez últimos premiados

2018: Frances H. Arnold, George P. Smith (Estados Unidos) e Gregory P. Winter (Reino Unido) por seus trabalhos que aplicam os mecanismos da evolução para criar novas e melhores proteínas em laboratório.

2017: Jacques Dubochet (Suíça), Joachim Frank (Estados Unidos) e Richard Henderson (Reino Unido) por terem desenvolvido a microscopia crio-eletrônica, um método revolucionário de observação das moléculas em 3D.

2016: Jean-Pierre Sauvage (França), Fraser Stoddart (Reino Unido) e Bernard Feringa (Holanda), pais das minúsculas "máquinas moleculares" que prefiguram os nanorobôs do futuro.

2015: Tomas Lindahl (Suécia), Paul Modrich (EUA) e Aziz Sancar (EUA/Turquia) por seus trabalhos sobre o mecanismo de reparação do DNA, que pode conduzir a novos tratamentos contra o câncer.

2014: Eric Betzig, William Moerner (Estados Unidos) e Stefan Hell (Alemanha), pelo desenvolvimento da microscopia fluorescente de alta resolução.

2013: Martin Karplus (Estados Unidos/Áustria), Michael Levitt (Estados Unidos/Reino Unido) e Arieh Warshel (Estados Unidos/Israel), pelo desenvolvimento de modelos multiescala de sistemas químicos complexos.

2012: Robert Lefkowitz e Brian Kobilka (Estados Unidos) por seus trabalhos sobre receptores que permitem às células compreender seu entorno, um avanço essencial para a indústria farmacêutica.

2011: Daniel Shechtman (Israel), pela descoberta da existência de um novo tipo de material, os "quase-cristais".

2010: Richard Heck (Estados Unidos), Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki (Japão), pela criação de uma das ferramentas mais sofisticadas da química, que abre o caminho para tratamentos contra o câncer e produtos eletrônicos e plásticos revolucionários.

2009: Venkatraman Ramakrishnan, Thomas Steitz (Estados Unidos) e Ada Yonath (Israel), por estudos sobre os ribossomos, que permitem criar novos antibióticos.

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