Um trio de cientistas recebeu o Nobel de física pelas ;invenções pioneiras; usando laser. A Real Academia de Ciências de Estocolmo concedeu a honraria a dois trabalhos. O americano Arthur Ashkin receberá US$ 1,01 milhão pelo desenvolvimento de uma pinça óptica que, hoje, é muito usada em laboratórios para estudos de micro-organismos.
A outra metade do prêmio será dividida entre o francês Gérard Mourou e a canadense Donnna Strickland, laureados por terem criado a técnica de amplificação de laser chamada chirped pulse amplification (CPA), aplicada em procedimentos médicos, como cirurgias oftalmológicas.
Durante o anúncio dos vencedores, foi destacado que os trabalhos dos pesquisadores ;revolucionaram a física do laser e os instrumentos de precisão avançada que abrem campos inexplorados de pesquisa e uma variedade de aplicações industriais e médicas.;
Segundo Paulo Cesar de Morais, professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília (UnB), os vencedores têm projetos muito parecidos, o que justifica a premiação conjunta. ;As duas tecnologias estão ligadas. Temos o pulso de laser contínuo e o pulso da CPA, que ele liga e desliga várias vezes, para não queimar o objeto cortado;, ilustra. ;São trabalhos extremamente merecedores e que podem trazer ainda mais ganhos para diferentes áreas, como a terapia celular.;
Manuseio micro
Arthur Ashkin, 96 anos, é a pessoa mais velha a receber um Nobel. Em 1987, ele colheu os primeiros frutos de sua pesquisa, quando, usando a pinça óptica, conseguiu manipular bactérias vivas sem danificá-las e as conservando em meio estéril. Desde então, o instrumento é usado para estudar micro-organismos, o interior de células e do DNA e em tecnologias de ponta para o controle de microbombas e micromotores.
"As pinças ópticas funcionam por meio de dois lasers que permitem a mobilidade de um objeto pequeno. Com elas, você pode pegar uma célula e analisar a mitocôndria dela, que é extremamente minúscula. Permite, por exemplo, que você corte parte do DNA e possa substituí-la por outra;, explica o professor Paulo Cesar de Morais.
Cortes precisos
A técnica criada por Gérard Mourou, diretor do Laboratório de Óptica Aplicada (LOA) e professor da École Polytechnique, e a aluna Donnna Strickland gera os pulsos de laser mais curtos e mais intensos já criados pela humanidade. Isso permite a perfuração e o corte de diversos materiais com extrema precisão.A dupla de Gérard Morou, Donnna Strickland, 59 anos, é professora da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e é a terceira mulher premiada com o Nobel de física (Leia Para saber mais). ;Espero que as coisas possam acontecer de modo mais rápido;, ressaltou, pouco depois de saber da premiação.
Os três premiados do ano são os vencedores de número 207, 208 e 209. Segundo a Real Academia de Ciências, o pequeno número de mulheres premiadas se deve ao longo tempo em que os laboratórios fecharam as portas para elas. ;É uma pequena porcentagem (de laureadas), mas estamos adotando medidas para encorajar mais indicações de mulheres porque tememos deixar passar boas candidatas;, disse o secretário-geral da Academia, G;ran Hansson.
Para saber mais
ValorizadasMarie Curie recebeu o primeiro Nobel de física em 1903 por suas pesquisas em radioatividade. A primeira mulher a receber a honraria trabalhava em parceria com o marido, o professor Pierre Curie. As atividades do casal eram consideradas de alto risco por envolver a radiação. Em 1911, Curie recebeu o segundo Nobel pela descoberta de dois elementos químicos: rádio e polônio.
A segunda mulher a ser agraciada com o prêmio internacional de física foi Maria Goeppert Maye. A germânica foi reconhecida, em 1963, devido a pesquisas sobre a estrutura do átomo, feitas em parceria com J. Hans Jensen, pesquisador da Universidade de Heidelberg, na Alemanha.