De acordo com Dr. Raimundo Bezares, presidente do congresso e chefe hematologista do Hospital Geral de Agudos da Cidade de Buenos Aires "Dr. Teodoro Álvares", trata-se de uma das doenças onco-hematológicas com melhores avanços durante os últimos anos. " Na oncologia, o termo "cura" não é aplicado frequentemente, porém estamos começando a ver que existe possibilidade de deixar a medicação logo após alguns anos, e obter em alguns casos o que conhecemos como "resposta profunda", medida por um índice de doença mínima residual indetectável. Este fato pode representar progresso para conquistar o controle desta condição", afirmou.
Sendo uma doença crônica, alguns pacientes convivem com ela durante muitos anos, sem necessidade de nenhum tratamento. Enquanto outros pacientes, se não recebem um tratamento adequado, podem ter uma sobrevida muito curta, de 2 a 3 anos. É o que explicou o Dr. Raúl Gabús, médico internista e hematologista, co-presidente do IBAM 2018 e diretor de Serviço de Hematologia e Transplante de Progenitores Hematopoiéticos do Hospital Maciel/ASSE de Montevidéu, no Uruguai. "A doença deve ser dividida em três casos. Alguns nunca vão precisar tratar, outros necessitam de tratamentos específicos e outros, apresentam uma doença mais agressiva . Porém, esses últimos não necessitam mais de grandes temores como antigamente. Geralmente, há grandes expectativas de melhora", comentou.
Ainda de acordo com Gabús, diferentemente de outros tipos de leucemias agudas, a LLC permite ao médico e ao paciente um maior tempo para estudar cada caso e identificar como será a evolução da enfermidade para determinar o tratamento adequado. " O paciente nestes casos é sempre muito presente. Ele decide como vai ser tratado. Por isso, ele precisa conhecer sua doença e fazer parte",disse.
"Quimio free"
Há pouco mais de uma década, não havia tratamentos específicos para a LLC, tendo os médicos que recorrer diretamente à quimioterapia, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Esta realidade, entretanto, tem sido diferente. É o que afirma o Dr. Carlos Chiattone, professor titular do Departamento de Clínica Médica, da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, coordenador do Centro de Linfomas do Núcleo de Oncologia do Hospital Samaritano de São Paulo e co-presidente do 3; IBAM. " Nos últimos anos, avançamos no controle da leucemia linfoide crônica, principalmente a partir da identificação de quais genes estão alterados nos pacientes. Foram, então, desenvolvidas diferentes terapias-alvo, que são medicamentos mais modernos e específicos, que apresentam melhores resultados, com menos toxidade do que medicamentos anteriores", explicou.
Para garantir cada vez menos tratamentos com quimioterapia, existem diversas alternativas de tratamento. As terapias dependem de vários fatores, como a idade ( esta doença aparece - em média - aos 70 anos), o estágio da doença, o prognóstico do paciente e o objetivo da terapia. Assim, Chiattone ressalta que é importante que pesquisadores sigam avançando e desenvolvendo terapias para que a medicina possa proporcionar melhores respostas a situações complexas.
Vivendo com LLC
O argentino David Menaged participou do IBAM 2018 para contar um pouco de sua experiência sobre conviver com a doença desde 2001, quando foi diagnosticado, aos 47 anos. Durante uma viagem a trabalho, ele percebeu que tinha um gânglio inflamado debaixo da orelha e procurou um hematologista. "Quando tive o resultado de LLC, o médico me disse que tinha duas notícias: uma boa e uma ruim. A má notícia era que não tinha cura, mas a boa era que a doença poderia manter-se crônica durante toda a minha vida", disse. Ele conta que durante 5 anos, permaneceu ainda em espera e observação, sem nenhum tratamento. "Durante esse tempo, meus gânglios ficaram ainda mais inflamados e sofri constantemente anginas e gripes. No começo de 2005 eu queria iniciar algum tipo de tratamento e aí foi preciso a quimioterapia", conta.
"Logo com seis meses de tratamento, tive resultados positivos. Assim, pude conviver sem os inconvenientes da doença por sete anos, até que novamente os gânglios começaram a inflamar e os níveis de hemoglobina estavam muito baixos. A partir disso precisei de um novo tratamento, que também foi favorável por quase dois anos, até que finalmente a recaída foi inevitável", relatou.
Já em 2017, ele contou com a ajuda de Dr. Bezares que apresentou a possibilidade de um novo medicamento que ainda deveria ser testado para comprovar se ele era ou não candidato para recebê-lo. "Felizmente, eu era, e comecei com o tratamento que, até o dia de hoje, continuo recebendo sem nenhum problema", acrescentou o paciente.
Atualmente com 64 anos, Menaged conta que nunca abriu mão de ter qualidade de vida. "Um lado positivo da doença é que, muito além das gripes e anginas esporádicas, pude viver bem. Adoro jogar tênis e nunca tive que deixar meus hobbies de lado", comentou.
Bezares, que participou do tratamento do paciente ressalta que o caso de Menaged não é atípico. " Acreditamos que a participação dele no Congresso esclarece justamente que ele não é uma exceção. Grande parte dos pacientes portadores de LLC podem levar uma vida de grande qualidade, como ele. Não foram somente momentos fáceis durante esse tratamento. Passamos por altos e baixos. Porém, David sempre foi muito otimista e sempre conheceu muito sua própria doença. O caso dele mostra como é possível manter o controle da enfermidade e ter uma rotina com as mesmas atividades de antes", concluiu.
*A repórter viajou a convite do Ibam e da AbbVie.
*A repórter viajou a convite do Ibam e da AbbVie.
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Leucemia é um tipo de câncer no sangue e na medula óssea. Geralmente é causado pela rápida produção de glóbulos brancos no sangue - os glóbulos brancos ;normais; são as células sanguíneas que combatem infecções. São vários tipos de glóbulos brancos, sendo neutrófilos e linfócitos os mais conhecidos. Os quatro tipos principais de leucemia são classificados conforme o tipo de célula sanguínea que dá origem à leucemia (mielóide ou linfóide) e a rapidez da progressão do sangue (aguda ou crônica). A leucemia linfocítica crônica é um dos tipos mais comuns em adultos.
A leucemia linfocítica crônica ocorre quando o organismo produz linfócitos em excesso e que não funcionam de forma adequada. Com o passar do tempo, estes linfócitos anormais se acumulam no sistema linfático e podem causar nódulos linfáticos maiores e inchados e um maior risco de infecções. O sistema linfático é uma rede de transporte de fluídos contendo glóbulos brancos que combatem as infecções no organismo. Estes linfócitos anormais também prejudicam a capacidade da medula óssea de produzir os outros tipos principais de células sanguíneas - os glóbulos vermelhos e as plaquetas - dando origem a alguns dos sintomas da leucemia linfocítica crônica. "A baixa contagem de glóbulos vermelhos leva a falta de ar, cansaço e fraqueza. A baixa contagem de plaquetas leva ao aparecimento de hematomas espontâneos e hemorragia, destaca.
2- Qual a diferença desta para outros tipos de leucemia?
As leucemias se diferenciam pelo tipo de célula sanguínea na qual o câncer se desenvolve (;mieloide; ou ;linfoide;) e pela rapidez da progressão da doença (lenta ou rápida). A LLC é mais frequente em adultos, principalmente homens, a partir dos 70 anos de idade.
3 - Quais os principais sintomas?
Falta de ar, cansaço, fraqueza, aparecimento espontâneo de hematomas e hemorragias.
4 - Como diagnosticar?
Geralmente, a LLC é diagnosticada quando exames de sangue de rotina revelam um aumento inexplicável na contagem de glóbulos brancos no sangue, ou quando nódulos linfáticos inchados ou baço aumentado são percebidos durante exame clínico.
5 - Quais são os principais tratamentos?
As opções de tratamento dependem do estágio da doença, dos sinais e sintomas apresentados, da contagem de glóbulos brancos e plaquetas, se o fígado, o baço e os nódulos linfáticos estão maiores do que o normal, da resposta ao tratamento inicial e também se a doença é recorrente.
Em estágio inicial é necessário observação e monitoramento atento do paciente pelo profissional de saúde, sem receber tratamento até que os sintomas se manifestem. Quando o tratamento passa ser necessário, dependendo do estágio da doença, o médico pode prescrever quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo e até transplante de medula. Fonte: Ibam.