No aquário gigante construído no museu de Cochabamba, em um grande contêiner de mercadorias, Romeu começou a fazer chamados em busca de um par pouco depois de sua chegada, mas estes começaram a diminuir nos últimos anos.
Comparado com outras rãs de seu gênero, Muñoz diz que Romeu tem um chamado de acasalamento especialmente musical, que ajudou a ensinar biólogos sobre a história natural das rãs aquáticas de Sehuencas ao longo dos anos.
É um anfíbio tímido que costuma se esconder debaixo das pedras. Só sai quando os cuidadores servem sua comida. "Nós não queremos que ele perca a esperança" de encontrar um par, declara Muñoz. E os pesquisadores tampouco. Por isso, a Iniciativa Anfíbios da Bolívia espera achar outros de sua espécie "para estabelecer um programa de reprodução".
E se não houver forma de conseguir um par para ele, Muñoz não descarta recorrer à clonagem para salvar este anfíbio particularmente ameaçado pela mudança climática, perda do hábitat, introdução de predadores como a truta nos rios e, sobretudo, o fungo quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis), culpado de outras extinções a nível mundial. No Equador, a espécie Telmatobius já é considerada extinta, e no Peru não é vista desde 2001.
Campanha para São Valentim
Para isso, usarão o dia de São Valentim para lançar uma campanha de arrecadação de fundos. Sua intenção é enviar expedições aos arroios situados a 2.000-3.000 metros de altura das florestas dos Andes orientais para procurar algum sobrevivente, ou algum girino, para que não aconteça com Romeu o que houve com o Solitário George, a tartaruga gigante de Galápagos que, com sua morte, pôs fim à espécie.
Com a colaboração do Global Wildlife Conservation e o maior espaço de encontros pela Internet, Match, a Iniciativa Anfíbios da Bolívia espera arrecadar desta sexta-feira (9/2) até 14 de fevereiro, dia de São Valentim, cerca de 15 mil dólares.
A ideia é procurar em lugares onde, em outros tempos, eram comuns, em locais com hábitats similares, ou em áreas onde os biólogos não tiveram oportunidade de fazer buscas. A equipe também realizará testes na água dos riachos e rios, lugares fundamentais, em busca de traços de DNA das rãs, a fim de confirmar se continuam ali, embora os membros da equipe não as vejam diretamente nas expedições.
E ao longo dos anos de Romeu, criou-se o projeto do governo boliviano para construir uma barragem em uma área florestal onde a rã aquática de Sehuencas era tão comum que se tornou seu homônimo: Sehuencas.