O roteiro incluía 32 exercícios faciais, cada um com duração de cerca de um minuto. Os movimentos eram simples, como abrir a boca e posicionar o lábio superior sobre os dentes e sorrir sem mostrar os dentes, entre outros. Do grupo inicial, 16 mulheres fizeram todos os exercícios até o fim do estudo. Para verificar o efeito, os pesquisadores compararam fotografias tiradas antes do experimento, fotos feitas na oitava semana da pesquisa e registros feitos após a maratona de exercícios.
As imagens foram avaliadas por dois dermatologistas que não sabiam dos testes. Os especialistas usaram uma escala padronizada de envelhecimento facial e examinaram separadamente 19 características do rosto. Descobriram que a bochecha das voluntárias sofreu melhoras significativas. Os pesquisadores acreditam que os exercícios ajudaram a fortalecer os músculos do rosto. ;À medida que os músculos crescem, o rosto fica mais cheio. Com o envelhecimento, a pele facial se torna menos elástica e afunila;, diz Alam.
O autor do estudo explica que, debaixo da pele, existem camadas de bolsos gordurosos, chamadas almofadas de gordura, que se conectam como um quebra-cabeça e dão forma ao rosto. Com a idade, porém, elas se tornam magras e ;caem;. ;Sob as camadas de gordura estão os músculos. Os exercícios faciais parecem ampliar os músculos, corrigindo, assim, a perda de volume causada por desgaste de gordura e queda da pele. O resultado é um rosto mais completo e firme, que parece mais novo.;
Os pesquisadores também avaliaram a média da idade aparente das voluntárias ao longo do estudo. ;Começou em 50,8 anos e caiu para 49,6 anos na oitava semana. Depois, para 48,1 anos. Isso é quase uma diminuição de três anos na aparência da idade durante um período de 20 semanas;, ressalta Alam. As participantes relataram estar altamente satisfeitas com os resultados e notaram melhorias em quase todas as áreas faciais.
Mais testes
Bárbara Uzel, especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e médica do Hospital Anchieta, em Brasília, avalia que a pesquisa é interessante, por trazer uma abordagem científica à prática, mas ressalta que os exercícios faciais também podem causar efeitos não desejados. ;Essa pesquisa mostra que a técnica beneficiou principalmente os músculos da parte média, que seriam as bochechas, que é onde a musculatura é mais espessa, mais grossa. O problema é que, dependendo dos exercícios feitos, eles podem prejudicar a parte superior da face, que é onde estão as rugas, os pés de galinha;, diz.
[SAIBAMAIS]Para a dermatologista, a pesquisa merece um aprofundamento. ;Uma análise maior é necessária, já que o número de participantes foi pequeno e grande parte não terminou o experimento. Seria interessante ver faixas etárias distintas e analisar um grupo controle, que não faria os exercícios, para poder realizar mais comparações;, sugere. ;Temos muitas pessoas que atualmente buscam tratamentos mais naturais, sem o uso de químicas. Essa técnica poderia se tornar uma opção para essa parcela.;
A equipe reconhece a necessidade de estudos mais aprofundados, mas, segundo Alam, é possível que os exercícios faciais beneficiem pessoas de diferentes idades. ;Testamos o método em mulheres de 40 a 65 anos, mas isso, provavelmente, funcionará também em mulheres mais novas ou mais velhas, bem como em homens. É possível que alguns tipos de pacientes possam se beneficiar mais ou menos desse método, mas precisamos de mais pesquisas para descobrir.;
Independentemente do praticante, diz Uzel, é recomendado buscar a ajuda de um especialista para a realização desses exercícios. ;As pessoas não podem fazer isso em casa, sem ter uma orientação. É necessário descobrir mais sobre esses efeitos. Ainda assim, é possível, quem sabe, o uso dessa técnica como uma ferramenta auxiliar, usada com outros tratamentos dermatológicos;, frisa.
;Os exercícios faciais parecem ampliar os músculos, corrigindo, assim, a perda de volume causada por desgaste de gordura e queda da pele. O resultado é um rosto mais completo e firme, que parece mais novo;
Murad Alam, professor de dermatologia da Universidade de Northwestern