Pelos detalhes percebidos, a equipe conseguiu identificar o período exato em que ocorreu a determinação da dominância da mão dos bebês. ;Os resultados mostraram que, a partir da 18; semana, os fetos executam significativamente mais rapidamente os movimentos que requerem precisão, o que se tornará a mão preferida;, explica Valentina Parma.
Esse processo, segundo a cientista, mostra o elevado nível de maturação e especialização do sistema motor já no útero. Ela destaca ainda que a precisão do método utilizado poderá trazer novas perspectivas para o uso das constatações no campo clínico, já que a preferência das mãos ocorre devido à prevalência de um hemisfério cerebral sobre o outro. ;Essa característica já foi associada, algumas vezes, a patologias que envolvem uma assimetria cerebral, como depressão, esquizofrenia e distúrbios do espectro autista;, explica Parma.
Aplicação médica
Dessa forma, a observação dos fetos poderia ser usada, por exemplo, para identificar novos marcadores, o que permitiria uma intervenção precoce contra a doença. ;Considerando a precisão que tivemos com essa análise inicial e que ela pode identificar fatores da vida pós-natal, esperamos que esse seja um caminho para procurar os marcadores motores de transtornos nos quais as questões de lateralização do cérebro são evidentes. Doenças do espectro do autismo e esquizofrenia podem ser modelos candidatos;, ressalta Parma. ;O próximo passo que consideramos é exatamente essa aplicação médica: usando o estudo do movimento no útero para avaliar inicialmente a presença de distúrbios do desenvolvimento.;
[SAIBAMAIS]Cláudio Roberto Carneiro, coordenador de Neurologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), avalia que a pesquisa se destaca pela eficácia do método usado. ;Por meio dessa análise cerebral, podemos ver se a pessoa será destra ou canhota, mas o mais importante é que essa tecnologia poderia ser usada, posteriormente, para analisar possíveis traumas, como o Parkinson e a epilepsia, e prever a ocorrência dessas doenças;, diz.
Apesar dos resultados promissores da pesquisa italiana, o especialista ressalta que ainda é cedo para determinar se os achados poderão ser usados na área médica ;É necessário fazer mais análises, pois ainda temos poucos dados, e saber quais doenças poderiam ser vistas com essa tecnologia, além de pensar em quais melhoras poderão surgir com o uso dessa técnica;, justifica Carneiro.
"Esperamos que esse seja um caminho para procurar os marcadores motores de transtornos nos quais as questões de lateralização do cérebro são evidentes. Doenças do espectro do autismo e esquizofrenia podem ser modelos candidatos;, Valentina Parma, pesquisadora da Escola Internacional de Estudos Avançados e autora do novo estudo