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Ciência e Saúde

Cientistas do Brasil e da China encontram coleção de ovos de pterossauro

Os cientistas encontraram partes dos ossos da asa e do crânio, junto com a mandíbula inferior completa, preenchendo lacunas do ciclo de vida dos pterossauros que até então não eram bem compreendidas

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Rio de Janeiro - Cientistas chineses e brasileiros descobriram a maior coleção de ovos fossilizados de pterossauros já encontrada, e usaram a digitalização 3D para obter novas informações sobre esses primos voadores dos dinossauros, anunciaram pesquisadores nesta quinta-feira (30/11).

Os pterossauros eram répteis e foram as primeiras criaturas - depois dos insetos - a evoluir o voo motorizado, ou seja, eles batiam suas asas para se manter no alto ao invés de simplesmente pular e planar. Foram extintos junto com os dinossauros há cerca de 66 milhões de anos.
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Até agora os cientistas haviam encontrado alguns ovos de pterossauros com restos em seu interior, incluindo três na Argentina e cinco na China. Mas o último relato da revista americana Science é baseado na maior coleção conhecida até o momento - 215 ovos fossilizados encontrados em um bloco de arenito de três metros de comprimento na cidade de Hami, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China.

Dezesseis dos ovos continham restos fossilizados de uma espécie de pterossauro conhecida como Hamipterus tianshanensis. Nenhum deles continha um conjunto completo de ossos de pterossauro, provavelmente pelo fato das peças terem ficado perdidas ao longo dos anos devido a tempestades e inundações.

[SAIBAMAIS]Os cientistas encontraram partes dos ossos da asa e do crânio, junto com a mandíbula inferior completa, preenchendo lacunas do ciclo de vida dos pterossauros que até então não eram bem compreendidas. Usando tomografia computadorizada tridimensional, descobriram ossos da coxa intactos e bem desenvolvidos, o que sugere que as criaturas "já tinham patas traseiras funcionais logo após a incubação", segundo o relatório de paleontologistas na China e no Brasil.

Os fracos músculos do tórax indicam "que os recém-nascidos provavelmente não conseguiam voar" e "precisavam de cuidados dos pais". "A principal contribuição desse estudo foi demostrar que os Pterossauros quando nasciam precisavam de um cuidado parental. Então o cuidado com esses pequenos animais que nasciam é uma das grandes descobertas que nos fizemos agora", afirmou o paleontólogo do Museu Nacional-UFRJ Alexander Kellner, que participou da expedição, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.

"A grande quantidade de ovos que nós encontramos foi algo que surpreendeu porque esses ovos são muitos frágeis e de difícil preservação. Até agora tínhamos menos de 10 ovos, e a partir desse nosso achado nós temos praticamente mais de 300", acrescentou Kellner.

Comportamento de aninhamento

Ossos de pterossauros adultos também foram encontrados no local, um sinal de que voltavam para os mesmos pontos de ninho com o passar tempo, semelhante ao que fazem as tartarugas marinhas modernas. "Em termos gerais é a primeira vez que a gente pode pensar em falar sobre o comportamento desses animais. Viviam em bandos, isso foi diretamente colocado a partir da grande quantidade de ossos. Escolhiam áreas para por seus ovos e um número muito grande de fêmeas ia para essa região e voltava para essa [mesma] região. Mais ainda, sabemos agora que elas também tinham que cuidar da sua prole"

%u200BO enorme número de ovos e ossos aponta para grandes tempestades que destruíram a área, submergindo os ovos em um lago onde flutuaram brevemente antes de afundar e ficarem enterrados ao lado de esqueletos adultos. Os pesquisadores também observaram que a parte externa rachada dos ovos se assemelhava à frágil suavidade dos ovos de lagartos. "Todos estão deformados até certo ponto, o que indica sua natureza flexível".

Um dos pterossauros jovens tinha "pelo menos dois anos de idade e ainda crescendo no momento da sua morte, apoiando o crescente número de evidências de que os pterossauros tinham longos períodos de incubação".

Um artigo da seção "Perspectives" da Science, escrito por D. Charles Deeming da Universidade de Lincoln, considerou o estudo "notável pelo número de ovos junto com os pterossauros jovens e adultos relatados". No entanto, muitas questões ainda permanecem, incluindo se o tamanho de cada ninhada é de realmente dois, como estudos anteriores sugeriram; como exatamente os pterossauros escondiam seus ovos (embaixo da vegetação, areia, ou do solo); e o motivo pelo qual muitos ovos parecem desidratados. "Esperemos que outras descobertas de fósseis igualmente espetaculares nos ajudem a responder essas perguntas", escreveu Deeming.