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Paris, França - Ovelhas aprenderam a reconhecer o ex-presidente americano Barack Obama depois de terem visto sua foto dezenas de vezes, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (8/11), que sugeriu que esses animais podem ser mais inteligentes do que pensamos.
Paris, França - Ovelhas aprenderam a reconhecer o ex-presidente americano Barack Obama depois de terem visto sua foto dezenas de vezes, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (8/11), que sugeriu que esses animais podem ser mais inteligentes do que pensamos.
Obama foi uma das quatro celebridades usadas em um teste de habilidade de reconhecimento facial realizado com as ovelhas, junto com a atriz Emma Watson, a apresentadora da televisão britânica Fiona Bruce e o ator americano Jake Gyllenhaal, informou a equipe de pesquisa.
"Nós escolhemos essas pessoas porque havia muitas imagens delas disponíveis on-line, de frente e em diferentes ângulos", disse à AFP a coautora do estudo Jennifer Morton, da Universidade de Cambridge. "Nós também as escolhemos porque tínhamos certeza de que nossas ovelhas nunca as conheceram pessoalmente".
Morton e uma equipe treinaram oito ovelhas para reconhecer os rostos famosos a partir de uma foto frontal de cada um deles. Toda vez que um animal escolhesse o rosto da celebridade em vez de uma imagem diferente mostrada em uma segunda tela, receberia uma recompensa alimentar.
A ovelha aproximava o focinho da tela escolhida, ativando um sensor infravermelho que liberava um alimento se elas tivessem escolhido corretamente. Em testes subsequentes, as ovelhas escolheram o rosto das celebridades que tinham aprendido a reconhecer oito em cada dez vezes, disseram os pesquisadores.
Eles então desafiaram os animais novamente, desta vez mostrando-lhes uma imagem da mesma celebridade, mas usando uma nova foto do seu rosto inclinado em algum ângulo. A precisão das ovelhas caiu para cerca de 66% - "uma magnitude semelhante à observada quando os humanos realizam essa tarefa", informou a equipe na revista científica Royal Society Open Science.
Capacidade subestimada
A "capacidade do animal de aprender a reconhecer uma pessoa a partir de uma fotografia 2D (bidimensional) foi surpreendente, visto que isso requer um processamento complexo do cérebro", disse Morton.
Em uma quinta e última tarefa, foi mostrada às ovelhas uma fotografia de seu cuidador do dia a dia - que elas conhecem bem, mas cuja foto nunca tinham visto -, ao lado da foto de uma pessoa desconhecida. Após alguma confusão inicial, os animais escolheram a imagem do cuidador em 72% dos casos.
"Os humanos tendem a subestimar a capacidade das ovelhas", disse Morton por email. "Este estudo atual acrescenta uma nova e interessante habilidade ao surpreendente e amplo repertório de comportamento das ovelhas". O reconhecimento facial é uma habilidade social essencial nos humanos, e somos capazes de identificar uma pessoa conhecida em milissegundos.
Muitos outros animais reconhecem os rostos entre suas próprias espécies, enquanto alguns - incluindo macacos, cavalos, cachorros e ovelhas - também podem identificar indivíduos de outras espécies. A nova evidência sugere que as ovelhas podem processar informações sobre um rosto humano sem requerer uma "pessoa real" em 3D, disse Morton.
O estudo pode contribuir com pesquisas em curso sobre o tratamento de doenças neurodegenerativas, como a de Huntington, que pode prejudicar a percepção facial das pessoas afetadas. Foi criado um "modelo" de ovelha com a doença de Huntington, que exibe mudanças cerebrais e sociais semelhantes às observadas em pacientes humanos.
"Esta tarefa de reconhecimento facial nos permitirá testar se as ovelhas que possuem a mutação genética que causa a doença de Huntington têm sua capacidade de pensar e raciocinar prejudicada", explicou Morton. "Se esse for o caso, podemos usar o teste para medir o efeito benéfico de novos tratamentos".