Agência France-Presse
postado em 24/08/2017 17:47
Alguns doces industrializados contêm aditivos em forma de nanopartículas sem que esta condição seja especificada nas embalagens, segundo um estudo francês, que questiona os efeitos para a saúde e lamenta a falta de transparência das empresas.
O estudo realizado pela revista francesa "60 millions de consommateurs" analisou a presença do aditivo E171 (dióxido de titânio), composto em parte de nanopartículas e utilizado frequentemente na indústria agroalimentar e cosmética para embranquecer doces, pratos preparados e pasta de dente.
Para a revista, publicada pelo Instituto Nacional do Consumo, o fato de que o aditivo se apresente em forma de nanopartículas - 50.000 vezes menores que um fio de cabelo -, gera questionamentos sobre os efeitos na saúde porque estas traspassam com mais facilidade as barreiras fisiológicas. "Quando uma substância estranha se mete em uma célula, podemos supor que pode haver danos ou uma desregulação de algumas destas células", explicou à AFP Patricia Chairopoulos, coautora do estudo, que critica as indústrias por uma "falta de vigilância" e de "rigor".
O E171 na forma de nanopartículas foi encontrado sistematicamente nos 18 produtos doces testados pela revista, em proporções diversas: representou 12% desse aditivo nos biscoitos Napolitain de Lu, 20% nos chocolates M;s e 100% nos bolos da marca francesa Monoprix Gourmet. A presença do E171 está indicada nas etiquetas, mas sem a menção "nanopartículas".
Chairopoulos destacou que um estudo publicado em janeiro por um instituto francês levantou suspeitas sobre este aditivo na forma nano, ao concluir que uma exposição crônica ao E171 favorecia o crescimento de lesões pré-cancerosas em ratos, sem que os pesquisadores extrapolassem, porém, esse risco para os humanos.
Em junho de 2016, a ONG Agir pour l;environnement alertou sobre a presença de nanopartículas, entre elas de dióxido de titânio, em uma série de produtos alimentícios.