Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Reino Unido vai banir vendas de carros movidos a diesel e gasolina em 2040

O projeto do Reino Unido inclui 255 milhões de libras para ajudar as autoridades locais a lidar com as emissões de dióxido de nitrogênio (NO2) dos veículos a diesel

As vendas de automóveis movidos a óleo diesel e gasolina devem ser banidas pelo Reino Unido a partir de 2040. O anúncio do governo sobre esta decisão foi feito nesta quarta-feira (26/7). A proibição é parte de um plano do governo britânico em uma tentativa de melhorar a qualidade do ar. O Reino Unido integra, com França e Alemanha, a lista de países que receberam uma advertência da União Europeia por sua má qualidade do ar.

Em um programa de rádio da BBC, o ministro do Meio Ambiente Michael Gove afirmou que não há mais chance de continuar a usar automóveis movidos a diesel e gasolina. "Não só por causa dos problemas de saúde que causam, mas também porque suas emissões aceleram as mudanças climáticas e danificam nosso planeta e as gerações futuras", explicou.

[SAIBAMAIS]O projeto do Reino Unido inclui 255 milhões de libras para ajudar as autoridades locais a lidar com as emissões de dióxido de nitrogênio (NO2) dos veículos a diesel. A venda dos veículos híbridos, movidos a um motor elétrico combinado a um de combustão, também deve ser banida. No ano passado, diante uma demanda de uma organização de defesa do meio ambiente, a Alta Corte de Londres tinha intimado o governo a fixar novos limites de emissão de gases poluentes.

A notícia chega pouco depois de o ministro do Meio Ambiente da França, Nicolas Hulot, também anunciar que espera banir carros a combustão no país até 2040. Menos de 1 por cento dos carros novos vendidos na Grã-Bretanha são executados exclusivamente em energia elétrica.

Emissões de NO2

A previsão é de que o governo invista 3 bilhões de libras esterlinas no plano de melhoria da qualidade do ar, dos quais 225 milhões serão destinados a ajudar os municípios a limitar a contaminação do ar causada pelos automóveis, especialmente dos motores a diesel, que emitem três vezes mais poluentes que a gasolina. Segundo Michael Gove, isso pode significar mudanças ou adaptações da frota de ônibus, ou até mesmo em restringir a circulação destes em determinados setores urbanos, comentou Gove.

O ministro do Meio Ambiente, no entanto, é contrário à imposição de um pedágio específico, como planeja o prefeito de Londres, Sadiq Khan, que, em abril, anunciou a criação de uma zona de emissões ultra baixas (Ulez) a partir de 2019 em Londres. O objetivo da zona é limitar todos os veículos a diesel com mais de quatro anos e os carros a gasolina com mais de 13 anos. Os motoristas vão precisar pagar 12,5 libras para circular. Outra taxa, de 10 libras, entra em vigor a partir de outubro para os veículos fabricados antes de 2006 que queiram circular pelo centro de Londres.

Descrença

Em comunicado, o Greenpeace afirmou acreditar que o governo não vá agir tão rapidamente. "O governo está certo em estabelecer uma data para proibir a venda de motores contaminantes, mas 2040 é tarde demais. Não podemos esperar um quarto de século para agir de fato diante de um problema urgente de saúde pública causado pela contaminação", declarou Areeba Hamid, porta-voz da ONG.

O diretor geral da Associação de Fabricantes e Vendedores de Automóveis (SMTT), Mike Hawes, recebeu a notícia com frieza, por acreditar que os limites podem "debilitar o próspero setor automotivo britânico se não lhe der tempo para adaptar-se". Prova disso é que o mercado de automóveis limpos (elétricos ou híbridos) ainda é uma minoria na Europa ocidental, onde mais de 95% dos novos veículos registrados em 2016 eram de motor a diesel (49,5%) ou gasolina (45,8%).

40 mil mortes por ano

Um relatório do Royal College of Physicians no ano passado estimou que a poluição do ar - relacionada ao câncer, asma, acidente vascular cerebral e doença cardíaca, diabetes, obesidade e demência - causou 40 mil mortes prematuras por ano no Reino Unido. A péssima qualidade do ar causa uma epidemia de doenças respiratórias, sobretudo entre crianças.

Com informações da France Presse