A humanidade terá consumido até 2 de agosto todos os recursos que o planeta pode renovar em um ano, vivendo com o "crédito" até 31 de dezembro, calculou a ONG Global Footprint Network, destacando que esse momento chega cada vez mais cedo todos os anos.
Quarta-feira, 2 de agosto, marca para a Terra o "dia da excedência": "a partir dessa data, a humanidade terá consumido o conjunto de recursos que o planeta pode renovar em um ano", escreveram a Global Footprint e o World Wildlife Fund (WWF) em um comunicado conjunto.
Para seus cálculos, a Global Footprint leva particularmente em conta a pegada de carbono, os recursos consumidos por pesca, gado, plantações, construção e a utilização da água.
Em 2016, o "dia da excedência" aconteceu em 3 de agosto. Embora o ritmo de progressão tenha se reduzido um pouco nos últimos seis anos, essa data simbólica "continua avançando de maneira inexorável: esse dia passou do fim de setembro em 1997 para 2 de agosto neste ano", destacam as ONGs.
"Para satisfazer nossas necessidades, hoje deveríamos contar com o equivalente a 1,7 planeta", afirmaram.
"O custo deste super consumo já é visível: escassez de água, desertificação, erosão dos solos, queda da produção agrícola e das reservas de peixes, desmatamento, desaparecimento de espécies. Viver com o crédito é somente algo provisório porque a natureza não conta com reservas das quais possamos usar indefinidamente", destacam WWF e Global Footprint.
As emissões de gases de efeito estufa "representam somente 60% de nossa pegada ecológica mundial", relembram.
Segundo as duas organizações, "sinais reconfortantes" indicam, não obstante, que "é possível reverter essa tendência".
Apesar do crescimento da economia mundial, "as emissões de CO2 relacionadas à energia não aumentaram em 2016 pelo terceiro ano consecutivo", destacam. Segundo estas, "isso se pode explicar pelo importante desenvolvimento das energias renováveis para produzir eletricidade".
A comunidade internacional se comprometeu na Conferência de Paris sobre o Clima (COP21), em dezembro de 2015, a reduzir as emissões de gases de efeito estufa com o objetivo de limitar o aquecimento global.
Levando em conta os últimos dados científicos, a Global Footprint recalcula a cada ano a data do "dia da excedência" para os anos anteriores desde que esse "déficit ecológico" começou a se aprofundar, no começo dos anos 1970.