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Ciência e Saúde

Mudanças climáticas põem em risco a oferta global de café, diz especialista

A OIC alerta para o desequilíbrio entre produção e consumo nos últimos dois anos. Entre outubro de 2015 e setembro de 2016, 151,3 milhões de sacos de 60 kg de café foram consumido


O Brasil colheu 51,4 milhões de sacos de café em 2016, mas já anunciou uma redução de 11,3% em 2017, por causa do ciclo bienal negativo da variedade arábica. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, indicou nesta terça que as terras brasileiras serão menos aptas ao cultivo de café porque o aquecimento global afeta mais os países afastados da linha do Equador.
Além disso, Vélez alertou para a crescente concentração das colheitas nas mãos dos principais produtores (Brasil, Vietnã, Colômbia, Indonésia e Honduras), já que um fenômeno climático nessas nações afetaria diretamente a oferta mundial. "Esse ano simplesmente não vai haver (produção de café) em alguns lugares" da Colômbia, assegurou Vélez, que explicou que o país sul-americano teve que reduzir a menos de 14 milhões de sacos a produção projetada para 2017 por causa das fortes chuvas registradas entre novembro de 2016 e o começo de março.
Adaptação e mitigação
O negócio do café sustenta 25 milhões de famílias em 60 países e representa um mercado que movimenta cerca de 100 trilhões de dólares no mundo, segundo dados da OIC do primeiro semestre de 2017. A resposta dos produtores para enfrentar as mudanças climáticas se baseia em dois pilares: adaptação e mitigação, apontou Sette.
Para o executivo, o primeiro ponto inclui toda a sociedade e as nações não cafeicultoras, por isso é fundamental a redução das emissões de carbono. Quanto à mitigação, as soluções passam por mudar o local de plantio, juntar as plantações de café a outras que lhes deem sombra, criar variedades mais resistentes e aumentar a produtividade por hectare.
Os especialistas reunidos no Fórum identificaram como um dos principais desafios do setor a sustentabilidade dos produtores, que também são afetados pelas perdas na semeadura e o aumento dos custos de insumos. O economista americano Jeffrey Sachs disse que os ganhos dos produtores caíram dois terços desde o começo do século XX.