Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Farmácias começam a vender 'autotestes' de aids no Brasil

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o autoteste permite ao usuário saber se é portador do vírus HIV


O problema é que muitos brasileiros não fazem o teste nos hospitais - seja por vergonha, seja por medo de serem vítimas de discriminação. "O interessante do produto é que as pessoas vão poder fazer o teste em um ambiente, onde não terão que compartilhar isso com ninguém", disse à AFP a doutora Valdiléa Veloso, do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids, da Fiocruz.

No Brasil, a epidemia afeta, principalmente, homossexuais, transexuais, profissionais do sexo e consumidores de drogas, "e essas populações têm, normalmente, experiências ruins com os serviços de Saúde", acrescentou a especialista.

Por isso, completou Valdiléa, "evitam ir pedir ajuda, sendo diagnosticadas muito tarde". A aceitação dos autotestes parece animadora. "No primeiro dia, tinha três caixas disponíveis e vendi as três", contou à AFP o farmacêutico Ricardo Valdetaro, que trabalha em um estabelecimento em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

"No dia seguinte, pedi seis, e todas foram vendidas no mesmo dia. Aí, no outro, pedi 12. Entendi que o produto vai funcionar muito bem. Um cliente me explicou que estava comprando os testes para que as profissionais do sexo fizessem", relatou.

De qualquer modo, um diagnóstico positivo pode ser algo muito difícil de aceitar. Se uma pessoa "não quiser fazer o teste sozinha em casa, pode fazer aqui, em uma sala da farmácia reservada para receber pacientes", afirmou Valdetaro.

Na caixa do produto, um número de telefone gratuito permite obter ajuda psicológica e informações sobre os possíveis tratamentos da doença. "Em Curitiba, enviaram testes para voluntários. Milhares de pessoas participaram e pediram um para fazer em casa", disse a doutora Valdiléa Veloso. "Então, não tem que ter medo de que a pessoa se desespere por estar sozinha na hora do resultado", reforça.