Os pesquisadores da Faculdade de Medicina da Washington University, em St. Louis (EUA), descobriram que uma droga contra a malária interfere no processo de infecção do vírus Zika e protege fetos da doença. O remédio já é aprovado para uso em mulheres grávidas, mas para outras razões.
O vírus da Zika infecta um feto manipulando as barreiras normais do corpo contra infecções, entre elas a placenta, considerada pelos estudiosos a "última linha de defesa". A pesquisa, liderada por Indira Mysorekar, professora de obstetrícia e ginecologia e patologia e imunologia, também aponta que o vírus da Zika não só alcança a placenta, mas também se multiplica nela.
Usando ratas grávidas infectadas com o vírus, os pesquisadores descobriram que, ao desaceler a autofagia, um processo natural de limpeza do sistema reprodutor, podem diminuir o contágio do vírus pela placenta. "Parece que o vírus Zika se aproveita do processo de autofagia na placenta para promover sua sobrevivência e a infecção de células", explica o pesquisador Bin Cao. Os experimentos mostraram ainda que a droga, conhecida como hidroxicloroquina, protege os fetos mesmo quando o vírus ainda circula pelas mães.
No entanto, os responsáveis pela pesquisa ressaltam que mais estudos precisam ser conduzidos antes que o remédio possa ser usado para essa finalidade. Por enquanto, não se sabe se a hidroxicloroquina é segura para o uso prolongado, como o da duração da gravidez.
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli