Poucas pessoas têm a chance de descobrir a osteoporose antes que ela se manifeste em forma de fratura. No caso de Cristhianni, mudança de hábitos e reposição de cálcio e de vitamina D não só evitaram a progressão da doença como permitiram que ela recuperasse 80% da massa óssea. Contudo, um documento divulgado pela Federação Internacional de Osteoporose, uma organização não governamental de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças ósseas, alerta que milhões de pessoas em todo o mundo — especialmente nos países pobres e em desenvolvimento — podem estar sem diagnóstico ou tratamento.
“A osteoporose é uma doença silenciosa e traiçoeira”, define a reumatologista Vera Szejnfeld, presidente da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso). A médica esclarece que o desgaste ósseo é um processo natural do envelhecimento, que se inicia por volta dos 40 anos. Contudo, o normal é chegar aos 70 com perda média de 10%. No caso de quem tem a doença, essa degeneração é muito maior. Como o desgaste, sozinho, não causa dor, muitos vão descobrir tarde demais. “A primeira manifestação é uma fratura, então o diagnóstico costuma ser tardio, quando de 30% a 40% do osso já foi perdido”, diz Szejnfeld.
Leia mais notícias em Ciência e Saúde
Por causa da queda na produção de hormônios associada à menopausa, a osteoporose costuma afetar mais as mulheres, que também apresentam o problema antes que os homens. As estatísticas indicam que uma em cada três pessoas do sexo feminino sofrerá perda óssea acentuada depois dos 50 anos, sendo que na fase pré-menopausa, quando a menstruação começa a falhar, já é possível que os ossos estejam perdendo massa. A ocorrência entre homens é de um caso em cada cinco, e a degeneração costuma ocorrer após os 60 anos.
Saiba Mais
Isso não significa que as mulheres sofrem mais que os homens com a osteoporose. Pelo contrário. Para eles, as consequências costumam ter maior gravidade. “O que mais mata quem tem a doença é a fratura de quadril. Nas mulheres, um terço das pacientes morre em até um ano depois desse tipo de fratura. Nos homens, esse risco é duas vezes maior”, revela João Lindolfo Borges, professor da Universidade Católica de Brasília e membro do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
De acordo com o médico, isso ocorre devido às complicações pós-cirurgias, como fibrilação arterial, acidente vascular e trombose, que são mais comuns entre o sexo masculino. Borges também lembra que as mulheres, por fazerem consultas frequentes com o ginecologista, acabam cuidando mais da saúde que os homens, o que aumenta as chances de prevenção, não só da doença, mas da ocorrência de uma segunda fratura. O relatório da Federação Internacional de Osteoporose indica que 50% das pessoas que quebram um osso vão fraturar outro, sendo que a esse risco vai aumentando exponencialmente.