postado em 30/08/2016 07:08
Ao descer das árvores e se tornar bípede, Lucy deu um dos principais passos para a evolução da raça humana. Curiosamente, foi ao tentar subir em um galho que ela pôs fim à própria vida. Segundo um estudo da Universidade do Texas em Austin, a ;mãe; da humanidade morreu, há 3,18 milhões de anos, vítima de um acidente. Ela teria caído no chão, fraturando vários ossos. A descoberta, além de revelar a causa mortis dessa importante peça do quebra-cabeça evolutivo, soluciona outra questão há tempos debatida: Lucy era totalmente bípede ou ainda passava parte do seu tempo de galho em galho?
O mais famoso fóssil de um ancestral do Homo sapiens foi escavado na década de 1974 em Afar, na Etiópia, e recebeu esse nome porque a equipe de paleontólogos ouvia a música dos Beatles Lucy in the sky with diamonds quando ela foi encontrada. Os ossos que vieram à luz deixaram os cientistas estarrecidos. Tratava-se de um primata muito antigo, mas com uma característica eminentemente humana: a capacidade de se manter sobre os dois pés. Diferentemente de gorilas, por exemplo, que arrastam as mãos no chão, Lucy ficava completamente ereta. Isso há mais de três mil séculos.
Desde a descoberta da espécie, batizada de Australopithecus afarensis (símio do sudeste de Afar), os cientistas têm debatido intensamente se Lucy passava 100% de seu tempo em terra firme ou se ainda praticava o arvorismo, ou seja, se também se deslocava pelos galhos das árvores. Para John Kappelman, antropólogo da Universidade do Texas e principal autor do novo estudo, publicado na revista Nature, o grave acidente sofrido por ela é um forte indicativo de que, diferentemente do homem moderno, essa ancestral se dividia entre o solo e a copa das árvores. ;É irônico que o fóssil que está no centro do debate sobre o papel do arvorismo na evolução humana tenha, provavelmente, morrido de ferimentos sofridos por uma queda da árvore;, comenta Kappelman.
A primeira vez em que o cientista estudou Lucy foi durante um tour americano de museus, em 2008, quando o fóssil, que fica exposto no Museu de História Natural de Nova York, foi levado ao Texas e examinado em alta resolução pela máquina de tomografia computadorizada da Faculdade de Geociências da universidade. Durante 10 dias, Kappelman e Richard Ketcham, professor de ciências geológicas, cuidadosamente escanearam todo o esqueleto, que tem 40% dos ossos preservados, para criar um arquivo digital com mais de 35 mil imagens.
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