<p class="texto"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/04/23/528774/20160423003537445810e.jpg" alt="Vários vírus zika ligados a uma célula neural: desenvolvimento inibido" /> </p><p class="texto"> </p><p class="texto">A preocupação em torno da epidemia do vírus zika, relacionado ao aumento de casos de bebês com microcefalia, tem feito especialistas de todo o mundo se debruçarem sobre o micro-organismo para entender como ele funciona e, assim, encontrar maneiras de combatê-lo. Ao longo dessa busca, são usadas novas ferramentas de análise, que podem incluir até mesmo minicérebros produzidos em laboratório.<br /><br />No mais recente estudo do tipo, publicado ontem na revista Cell, cientistas mostram como um desses organoides, que conta com as principais partes de um cérebro humano, os ajudou a compreender melhor a ação do zika sobre as células nervosas. Com a pesquisa, eles constataram uma preferência do vírus pelas células neurais e acharam evidências de que os riscos de microcefalia são maiores se a infecção acontece nos três primeiros meses da gravidez.<br /><br />Os organoides cerebrais têm sido usados com sucesso em diversas pesquisas sobre doenças neurológicas, como os males de Parkinson e de Alzheimer. Com o risco que o micro-organismo representa para os bebês, passaram a ser usados também nesses estudos. ;Antes de começar a trabalhar com o zika, nossa equipe levou mais de dois anos aprimorando esse modelo para o desenvolvimento neural. Quando a suspeita de ligação entre o vírus e a microcefalia foi relatada no início do ano, decidimos que tínhamos um sistema relevante para investigá-la;, explica ao Correio Hongjun Song, um dos autores do estudo e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.<br /><br />Os minicérebros são feitos a partir de uma técnica com células-tronco muito difundida. Os pesquisadores pegam células humanas da pele e as induzem a regredir para um estágio inicial (pluripotente), quando podem se transformar em qualquer tipo de tecido. Então, uma série de processos são feitos para que elas se reproduzam e deem forma ao órgão desejado. A técnica não permite criar um cérebro completo, que poderia, por exemplo, ser implantado em uma pessoa, mas gera um organoide com estrutura próxima à de certas partes do órgão, que serve de modelo para pesquisas.<br /><br />Com o organoide que criaram, os pesquisadores puderam fazer o que seria impossível em um estudo com pessoas: expor o órgão ao zika e observar a ação do vírus. ;Expusemos esses minicérebros a uma dose controlada do zika em diferentes fases do desenvolvimento, e isso nos permitiu examinar os efeitos nas células, inclusive ao nível molecular;, detalha Song. Os cientistas usaram três tipos de organoides, cada um representando uma área do cérebro: prosencéfalo, mesencéfalo e hipotálamo. Todos se desenvolveram durante 100 dias, o que permitiu uma observação equivalente ao início de desenvolvimento de um feto.<br /><br />As análises confirmaram que o vírus prefere infectar as células-tronco neurais, o que explica por que os riscos são maiores no primeiro trimestre da gestação, quando o cérebro da criança está no início da formação. ;Os organoides ficaram menores e não geraram neurônios de forma eficiente quando estavam infectados com o vírus;, detalha Guo-li Ming, colega de Song na universidade e na pesquisa.<br /><br /><strong>Brasil</strong><br />Na avaliação de Bruna Mendonça, neurologista do Hospital Santa Luzia, em Brasília, o trabalho segue uma tendência de pesquisas atuais, que têm se voltado para novas estratégias de combate ao zika. ;Há um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que usa a mesma técnica de minicérebro pra análise do zika e seus efeitos. Essa opção permite aos cientistas analisarem células muito similares às humanas e sem a necessidade de uso de animais. Acreditamos até que eles não precisem ser usados no futuro;, afirma a especialista, que não participou do estudo.<br /><br />O grupo de pesquisa ao qual a médica se refere publicou, no começo do mês, em parceria com o Instituto D;Or para Pesquisa e Educação (Idor), um estudo que também confirmou a capacidade do zika de destruir células neurais, usando minicérebros como modelos. Nesse trabalho, publicado na revista Science, os organoides infectados apresentaram uma redução de 40% comparados a outros que se desenvolveram normalmente. Também foram constatadas malformação e mortes de células. Os pesquisadores compararam a ação do zika sobre os minicérebros com a do vírus da dengue, mostrando que o primeiro é de fato muito mais agressivo. ;Esses resultados únicos podem revelar alguns aspectos-chave da infecção por zika no cérebro em desenvolvimento;, afirmou, na ocasião, Patricia Garcez, professora da UFRJ.<br /><br />Para os autores do estudo publicado ontem, as confirmações obtidas com o trabalho podem ajudar na criação de tratamentos. ;Agora, temos um modelo com poder de uso para testes pré-clínicos e para terapias potenciais;, relata Song. Os cientistas adiantam que o próximo passo será testar medicamentos contra o vírus com a ajuda dos organoides. ;Vamos usar os minicérebro como uma plataforma para testar drogas que poderiam aliviar os efeitos do zika. Nós também estamos interessados em identificar o mecanismo responsável pelos danos que ele causa;, completa.</p><p class="texto"> </p><p class="texto">A matéria completa está disponível<a href="http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/saude/2016/04/22/interna_saude,204392/envelhecimento-acelerado-pelo-virus-da-aids.shtml"> </a><a href="#h2href:eyJ0aXR1bG8iOiJFeHRlcm5vOiBodHRwOi8vaW1wcmVzc28uY29ycmVpb3dlYi5jb20uYnIvYXBwL25vdGljaWEvY2FkZXJub3Mvc2F1ZGUvMjAxNi8wNC8yMy9pbnRlcm5hX3NhdWRlLDIwNDQ3NS9taW5pY2VyZWJyby1jb250cmEtby16aWthLnNodG1sIiwibGluayI6Imh0dHA6Ly9pbXByZXNzby5jb3JyZWlvd2ViLmNvbS5ici9hcHAvbm90aWNpYS9jYWRlcm5vcy9zYXVkZS8yMDE2LzA0LzIzL2ludGVybmFfc2F1ZGUsMjA0NDc1L21pbmljZXJlYnJvLWNvbnRyYS1vLXppa2Euc2h0bWwiLCJwYWdpbmEiOiIiLCJpZF9zaXRlIjoiIiwibW9kdWxvIjp7InNjaGVtYSI6IiIsImlkX3BrIjoiIiwiaWNvbiI6IiIsImlkX3NpdGUiOiIiLCJpZF90cmVlYXBwIjoiIiwidGl0dWxvIjoiIiwiaWRfc2l0ZV9vcmlnZW0iOiIiLCJpZF90cmVlX29yaWdlbSI6IiJ9LCJyc3MiOnsic2NoZW1hIjoiIiwiaWRfc2l0ZSI6IiJ9LCJvcGNvZXMiOnsiYWJyaXIiOiJfc2VsZiIsImxhcmd1cmEiOiIiLCJhbHR1cmEiOiIiLCJjZW50ZXIiOiIiLCJzY3JvbGwiOiIiLCJvcmlnZW0iOiIifX0=">aqui,</a> para assinantes. 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