Na última década, pesquisas genéticas têm aproximado o homem moderno do neandertal. Por muito tempo, esses humanos extintos foram considerados seres inferiores, incapazes, por exemplo, de falar e de construir uma cultura própria. Sequenciamentos sofisticados não apenas desmontaram essas ideias, como comprovaram que eles imprimiram sua marca no DNA do Homo sapiens. Mas, se deixaram como herança diversos genes localizados no cromossomo X, o mesmo não se pode dizer do Y, transmitido pelos pais aos filhos homens.
[SAIBAMAIS]Até agora, os sequenciamentos genéticos do neandertal foram realizados ou com fósseis do sexo feminino ou a partir do DNA mitocondrial, passado para ambos os sexos, mas apenas pela mãe. Pela primeira vez, cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford investigaram o cromossomo Y de um neandertal do sexo masculino de 120 mil anos, encontrado no sítio arqueológico de El Sidro, na Espanha. Ao compará-lo ao cromossomo Y do homem moderno, os pesquisadores não encontraram semelhanças, sugerindo que, pelo menos nesse aspecto, as duas espécies são distintas. O trabalho foi publicado na revista American Journal of Human Genetics, do grupo Cell.
;É possível que o cromossomo Y neandertal tenha se perdido ao acaso nas populações humanas modernas. Linhagens paternas extinguem-se o tempo todo sem que, para isso, exista uma pressão seletiva;, pondera Fernando Mendez, estudante de pós-doutorado em Stanford, que liderou o trabalho.
Ele destaca que também é possível, porém, que, ao longo da história evolutiva, tenha havido tanto pressões seletivas quanto incompatibilidades entre o cromossomo Y do neandertal e a constituição genética do Homo sapiens. ;Nós procuramos por mutações que distinguem o cromossomo Y neandertal das sequências do homem moderno e encontramos quatro que acreditamos que podem ser importantes. Três delas acontecem em genes que podem ter afetado as chances da descendência híbrida do sexo masculino sobreviver ou reproduzir;, explica Mendez.
Só meninas
Na natureza, animais de espécies distintas geram crias inférteis ; por exemplo, a mula, resultado do cruzamento do jumento e da égua. No caso do Homo sapiens e do neandertal, o entendimento dos cientistas é que eles não eram tão diferentes a esse ponto. Porém, não se descarta que algum mecanismo genético tenha permitido o nascimento de indivíduos do sexo feminino, mas não do masculino.
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