Hipócrates era um observador sagaz. Há cerca de 2,5 mil anos, o médico grego notou que o aumento de alguns surtos infecciosos acompanhavam a piora no humor de Aeolos e Zibelthiurdos, deuses dos ventos e das tempestades. Condições climáticas extremas, observou o clínico antigo, eram seguidas de mais casos de doenças gastrointestinais e do sistema nervoso, além da tuberculose. Desde então, o homem não conseguiu se proteger dos efeitos nocivos do clima sobre sua saúde. Pelo contrário, parece estar ainda mais vulnerável às oscilações da natureza. Análises mostram que, em todo o mundo, as mudanças climáticas deverão provocar 250 mil mortes entre 2030 e 2050.
Nos últimos 130 anos, o planeta ficou 0,85;C mais quente. A previsão é de que o quadro se agrave, pois, na melhor das hipóteses, esse aumento deve alcançar perto dos 2;C até 2100, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Embora o aquecimento global possa trazer benefícios isolados, como menos mortes durante o inverno em climas temperados, as desvantagens serão bem maiores.
Um novo estudo mostra que o Brasil não será exceção. A pesquisa, liderada por Chrystian Soares Mendes, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), projeta, ao longo deste século, um aumento de até 15% nos casos de leishmaniose no país. A explicação é simples. O aumento da temperatura e das chuvas deverá favorecer a proliferação do mosquito transmissor da doença ; o que sugere que outros males vetoriais também devam apresentar crescimento.
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