Mulheres que sofrem com endometriose ; o crescimento do tecido que reveste o útero, o endométrio ; têm mais chances de serem acometidas por doenças cardíacas. Principalmente as mais jovens. De acordo com um estudo publicado na revista American Heart Association, a predisposição a problemas no coração ocorre principalmente devido a um dos efeitos da cirurgia da endometriose. Em casos mais graves, é preciso retirar o útero e os ovários da paciente, interrompe o período fértil dela e, consequentemente, antecipando a menopausa.
Para chegar às conclusões, os cientistas da Universidade de Harvard e do Brigham and Women;s Hospital, nos Estados Unidos, analisaram dados de 116.430 voluntárias recolhidos do experimento Nurses ;Health Study II, uma grande pesquisa feita a partir de informações principalmente de enfermeiras, mais acessíveis aos pesquisadores. O trabalho durou 20 anos e, nesse período, a endometriose foi diagnosticada em 11.903 mulheres do Brigham and Women;s Hospital.
[SAIBAMAIS]Durante as análises, percebeu-se que, em comparação com as participantes sem endometriose, as voluntárias com a complicação no útero tinham 1,35 mais chance de serem submetidas a cirurgia para obstrução de artérias; tinham probabilidade 1,52 maior de sofrerem ataque cardíaco; e 1,91 maior de serem acometidas por dores no peito (angina). Outro dado que chamou a atenção dos estudiosos foi que as participantes com endometriose e no máximo 40 anos apresentaram três vezes mais chance de desenvolverem os mesmos problemas cardíacos do que as sem o problema no endométrio e na mesma faixa etária.
Leia mais em Ciência e Saúde
Os cientistas destacam que o trabalho não avaliou a cirurgia de retirara de útero e ovários, o uso de anticoncepcionais e da terapia de reposição hormonal. Mas, apesar dessas limitações, eles acreditam que, pelo grande número de mulheres avaliadas e o período longo de avaliação, o trabalho reúne dados que servem como um alerta à população feminina.
;É importante para quem tem endometriose, mesmo as mais jovens, adotarem hábitos de vida saudáveis para o coração e serem sempre acompanhadas por seus médicos em relação à ocorrência de problemas cardíacos porque esse tipo de doença continua a ser a principal causa de morte de mulheres;, destacou, em comunicado à imprensa, Stacey Missmer, uma das autoras do estudo e pesquisadora do Brigham and Women;s Hospital.
Brasil em alerta
De acordo com dados divulgados em 2011 pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (São Paulo), 29,4% das mortes no Brasil anualmente são causadas por enfermidades cardiovasculares. Esse número coloca o Brasil entre os 10 países com maior índice de mortes por complicações desse tipo. Estima-se que a endometriose afete uma em cada 10 mulheres em idade reprodutiva. O grande número de casos é atribuído a mudanças do perfil reprodutivo da mulher, como a diminuição no número de gestações e a menstruação precoce.