Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Oncologista aposta na instrução de jovens na luta contra o câncer

O ex-aluno da Universidade de Brasília aposta na prevenção primária, focada na instrução de jovens, para vencer a doença que incide no Brasil de formas distintas



[SAIBAMAIS]No fim de semana passada, o médico esteve no Distrito Federal, durante o simpósio Oncologia Integrada III, evento que marcou os cinco anos de atividade do Sírio na capital federal. Ele também participou da inauguração da nova máquina de radioterapia e radiocirurgia da unidade de Brasília, o acelerador nuclear TrueBeam STX, único do Brasil. O equipamento é mais moderno e preciso e, entre as vantagens, está a redução do tempo dos procedimentos. Com capacidade de atender até 80 pacientes por mês, a máquina também será utilizada por pacientes da rede pública devido a um convênio do Sírio com o Governo do Distrito Federal. Em entrevista ao Correio, Paulo Hoff fala sobre os desafios do diagnóstico e do tratamento do câncer no Brasil. ;Mesmo naquela população brasileira que tem acesso à saúde suplementar, a prevenção e a detecção precoce não estão bem estabelecidas;, adverte o oncologista.

Multidisciplinar

A ideia de um tratamento multidisciplinar para o paciente não é uma novidade em termos mundiais. Quando olhamos um local como o MD Anderson (hospital oncológico da Universidade do Texas), no fim do século 20, eles já estabeleciam as primeiras clínicas multidisciplinares. É como se fosse uma parada única, com todos os serviços necessários ao paciente: oncologista, cirurgião oncológico, radio-oncologista, psicólogo, nutricionista. É claro que nem todo paciente necessita de todos esses serviços, mas a ideia é você ter pelo menos a disponibilidade. No Brasil, a ideia se torna cada vez mais popular. Você tem diversos serviços, inclusive públicos, como no Instituto do Câncer de São Paulo, em que isso é feito. Nossa ideia é aprofundar esse conceito, dar ao paciente acesso ao tratamento necessário.

Diagnóstico precoce

No Brasil, há uma variação muito grande regional e social. Você tem, por exemplo, no Sul, no Sudeste e em parte do Centro-Oeste, uma cobertura muito boa de mamografia e papanicolau; e no Norte e no Nordeste, infelizmente, há uma situação em que parte substancial da população não tem acesso a esses exames. Ou porque os equipamentos não estão disponíveis ou porque as pessoas não estão suficientemente instruídas para procurar o acesso. O câncer de colo uterino, por exemplo, que é o garoto propaganda da prevenção, está controlado de uma maneira, se não ideal, mas já bastante avançada no Sul e no Sudeste, mas continua sendo um problema de saúde gravíssimo para as mulheres na região Norte. Então, se você me perguntar como está nossa prevenção precoce no Brasil, digo que ela precisa melhorar. Outro ponto é que, mesmo na população que tem acesso à saúde suplementar, a questão da prevenção, da detecção precoce, não está bem estabelecida. Ainda temos muitas pessoas, mesmo de classes sociais mais altas, que não fazem a prevenção como deveriam.

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