Descoberto há pouco mais de 10 anos, o grafeno é um supermaterial que promete revolucionar a tecnologia, graças às suas propriedades únicas, que vão da resistência 200 vezes maior que a do aço à supercondutividade. Hoje, há uma verdadeira corrida do ouro pelo domínio desse derivado do carbono, que promete mudar a forma como se produzem computadores, telas, sistemas de comunicação e equipamentos militares e aeroespaciais.
O Brasil aumenta suas chances nessa disputa com a inauguração do Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno da América Latina. Amparado pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), a nova unidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), em São Paulo, promete impulsionar a pesquisa do grafeno e de outros materiais bidimensionais no país. O MackGraphe, como é chamado, recebeu investimento de R$ 100 milhões do IPM, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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[SAIBAMAIS]Inicialmente, o grupo focará os trabalhos em três áreas-chave: fotônica, energia e compósitos. Os experimentos serão realizados em laboratórios de ponta, incluindo uma sala limpa classe 1000, o que permite rígido controle de partículas, essencial para o estudo de materiais bidimensionais, cuja espessura atômica pode ser danificada por qualquer impureza. ;Você não trabalha com esse material da mesma maneira que trabalha com materiais convencionais;, explica Antonio Hélio de Castro Neto, físico e diretor do Centro de Materiais 2D Avançados da Universidade Nacional de Singapura.
O MackGraphe é um dos seis centros de pesquisa do grafeno na América Latina. Especialistas acreditam que a iniciativa, que envolve pesquisadores da engenharia elétrica, da física aplicada, da química e da engenharia de materiais, pode ajudar o Brasil a revelar facetas dos materiais bidimensionais. ;Ainda resta muito a ser descoberto. Essa área é muito promissora e não dá sinais de que está próxima de ser esgotada. Portanto, o MackGraphe representa um investimento nas próximas três ou quatro décadas de pesquisa;, avalia Andre Geim, pesquisador da Universidade de Manchester agraciado com o prêmio Nobel de Física em 2004 pela publicação do primeiro artigo que descreve o grafeno.
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Embora as pesquisas sobre esse material estejam em fase inicial em todo o mundo, as expectativas são grandes. ;O centro nasce com a perspectiva de fazer ciência que leve ao benefício da sociedade;, resume Eunézio Antônio Thoroh de Souza, coordenador do MackGraphe. A tecnologia pode levar ao desenvolvimento de dispositivos como smartphones flexíveis, revestimentos ultrarresistentes, e baterias e computadores mais compactos, gerando um mercado com potencial de movimentar de US$ 1 trilhão nas próximas décadas.
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