Nas grandes cidades, os micróbios são visitas indesejadas — e isso não é necessariamente bom para a saúde. Estudo publicado hoje na revista Science Advances mostra como a arquitetura moderna fecha portas e janelas para micro-organismos que coevoluíram com os humanos por milhões de anos, criando um desequilíbrio na variedade da microbiota à qual as pessoas ficam expostas. O trabalho, realizado com a participação de pesquisadores brasileiros, comparou cabanas indígenas, residências rurais, casas de cidades pequenas e moradias modernas de Manaus para traçar um perfil dos micro-organismos encontrados em cada tipo de habitação. A conclusão é que as residências de metrópoles deixam de fora micro-organismos de origem natural e separam os minúsculos seres com entrada permitida na casa, dividindo-os entre os cômodos.
O trabalho de coleta teve início em 2012 e focou quatro diferentes comunidades localizadas na linha do Equador. Os pesquisadores visitaram a vila indígena de Checherta; a cidade rural de Puerto Almendras; o município de Iquitos, que não é acessível por estradas — os três no Peru —; e a capital do Amazonas, Manaus, cuja população é de 1,8 milhão de habitantes. “Foram escolhidas quatro regiões perto da linha do Equador porque, assim, eliminamos o efeito de variações ambientais”, explicou Luciana Campos Paulino, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC) e coautora do estudo.
Foram selecionadas 10 residências em cada localidade, nas quais foram coletadas dezenas de amostras retiradas de quartos, cozinhas, banheiros e objetos usados pelos residentes. Todo o material passou por um processo de sequenciamento genético, e as informações sobre os micro-organismos achados foram analisadas por um sistema estatístico. O estudo revelou que o tipo de micróbios encontrados nas cabanas de Checherta não tem muito espaço nos apartamentos manauaras. Enquanto as moradias indígenas eram ricas em seres vindos do solo e das plantas, as residências de Manaus eram habitadas principalmente por micróbios encontrados na pele.
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