Estratégias
O mundo cada vez mais urbanizado se esqueceu dos percevejos. Então, as pestes ressurgiram no início do século 21, mais dispostas do que nunca a sorver tantas gotas de sangue quanto encontrassem pela frente. ;Apesar de estarmos com eles há tanto tempo, compreendemos muito pouco a biologia molecular do percevejo antes, durante e depois de o inseto se alimentar do sangue humano, o que é essencial para seu ciclo de vida;, explica Rosenfeld. O geneticista conta que, já satisfeito, o percevejo encontra um refúgio na casa de seu hospedeiro para fazer a digestão, produzir excrementos e cruzar.
Para resolver esse problema, duas equipes independentes compostas por mais de 50 pesquisadores sequenciaram e compararam o genoma de diversas populações de percevejos que vivem em Nova York. ;O sequenciamento nos permitiu identificar os genes que codificam enzimas e outras proteínas usadas pelo percevejo para se tornar resistente aos pesticidas;, conta Coby Schal, professor de entomologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte, que coliderou os esforços do mapeamento genético. Cento e oitenta e sete genes estão implicados diretamente com a resistência aos venenos.
Os cientistas descobriram que os percevejos desenvolveram diversas estratégias para combater os inseticidas, como degradar a substância química e impedir que ela penetre seu corpo. Quando, ainda assim, o veneno consegue entrar na corrente sanguínea, o inseto lança mão de outros mecanismos. Muitos exemplares analisados pelos pesquisadores desenvolveram novas formas de canais de sódio para evitar que os pesticidas ajam no sistema nervoso; outros produzem enzimas antioxidantes que limpam o sangue, eliminando os compostos prejudiciais a eles.