Jornal Correio Braziliense

Ciência e Saúde

Colonização: historiador mostra resistência dos índios ao catolicismo

Em vez de simplesmente incorporarem o cristianismo, os indígenas realizaram um diálogo intercultural, modificando ou rejeitando conceitos trazidos pelos europeus



Quando os europeus tomaram conhecimento dos territórios americanos, a Igreja Católica logo chegou a uma conclusão: com a cristianização do Velho Continente, o diabo havia se refugiado no Novo Mundo, e, por isso, era preciso combater Satã, convertendo as almas ingênuas dos indígenas. A tarefa coube aos jesuítas, membros da ordem religiosa Companhia de Jesus admirados na época por sua capacidade ;civilizadora;.

Durante muito tempo, historiadores enxergaram a catequização indígena como uma mera imposição, na qual o cristianismo era forçado na cultura nativa. Essa visão, contudo, passou, nos últimos anos, por um aprimoramento, e, atualmente, sabe-se que os índios foram capazes de, em certa medida, adaptar a religião europeia à própria cultura, em um esforço de ;diálogo intercultural;. Buscando desvendar como aconteceu esse contato de valores e crenças, o historiador Francismar Alex Lopes de Carvalho, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), estuda desde 2013 as missões Maynas e Mojos, criadas nos atuais territórios do Equador e da Bolívia, respectivamente, a serviço da Espanha.

A partir de documentos inéditos, obtidos em arquivos e bibliotecas de Espanha, Itália, Portugal e Estados Unidos, o pesquisador descreveu e analisou como povos da floresta amazônia absorveram a cultura ocidental. O trabalho resultou nos artigos Imagens do demônio nas missões jesuíticas da Amazônia espanhola, publicado na revista Varia Historia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Estrategias de conversión y modos indígenas de apropiación del cristianismo en las misiones jesuíticas de Maynas, aceito no Anuario de Estudios Americanos, de Sevilha (Espanha).

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui